Adelino Francisco de Oliveira
Uma das estratégias para o avanço, sem maiores resistências, do projeto neoliberal consistiu justamente em investir contra o movimento sindical, na direção de promover seu enfraquecimento e, no limite, até o seu total sufocamento. Sem a oposição forte e organizado dos sindicatos, o capitalismo neoliberal se viu livre para implementar suas reformas regressivas, na tentativa de liquidar com os parcos direitos da classe trabalhadora, direitos estes conquistados em um longo período histórico, demarcado por contumaz resistência e duras lutas.
O movimento sindical guarda, historicamente, a tarefa de organizar a classe trabalhadora, não apenas para resistir, mantendo direitos já conquistados, mas também, e principalmente, para avançar na pauta de lutas, visando consolidar e ampliar direitos, na perspectiva da construção do reino da liberdade, que passa pela diminuição da jornada de trabalho e da superação de todas as formas de assédio, opressão e exploração, alcançando a esfera da plena justiça social. O projeto político do reino da liberdade, como tarefa histórica e central do novo movimento sindical, aponta, no limite, para a urgência da superação do próprio capitalismo.
Tendo o reino da liberdade como horizonte utópico, a resistência e luta sindical, no contexto de acirramento das tensões do capitalismo neoliberal, é desafiada a se reinventar, colocando em ação um intenso movimento de renovação e revigoramento, a partir de outras dinâmicas de organização, engajamento e militância da classe trabalhadora. Denunciando e enfrentando todas as estratégias desleais, colocadas em curso pelo neoliberalismo, que visam desmontar e aniquilar a organização política da classe trabalhadora, o movimento sindical deve responder com criatividade, ousadia, coragem e disposição para continuar na vanguarda da resistência e da luta.
No campo específico da educação, diante dos desafios próprios do serviço público no âmbito do Instituto Federal, o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe-SP), em sua seção sindical São Paulo, é também chamado a se renovar e se reinventar, para enfrentar, com força e organização, as múltiplas ameaças de desmonte e sucateamento do serviço público federal por meio das reformas neoliberais regressivas em direitos, que se levantam contra os interesses da classe trabalhadora da educação federal.
No contexto contemporâneo, o Sinasefe-SP tem a incumbência histórica em prosseguir e fortalecer o campo de luta por direitos. A denúncia e firme oposição à reforma administrativa; o combate às situações de assédio; a identificação das estratégias dissimuladas do racismo institucional e o fortalecimento das pautas antirracistas, a partir de políticas afirmativas; a atenção às questões de gênero e sexualidade; a oposição e enfrentamento ao etarismo e às diversas maneiras sub reptícias de capacitismo, na dinâmica da construção de um Instituto Federal livre de todas as formas de preconceitos e discriminação; a intensificação da luta pela recomposição orçamentária, atuando contra o processo neoliberal de sucateamento e desinvestimento na instituição pública; a cobrança contínua do cumprimento do acordo da histórica greve de 2024; a luta permanente pela valorização e dignidade do funcionalismo federal da educação, inclusive com melhores condições de trabalho e recomposição salarial; a reivindicação por uma participação ativa e protagonismo dos servidores na definição do projeto de expansão e também de reordenamento do IFSP, fortalecendo o sentimento de pertença à instituição.
O momento histórico exige um sindicato forte e atuante, capaz de organizar os trabalhadores do Instituto Federal – docentes e técnicos – não apenas para promover a resistência necessária, mas visando a ampliação e o fortalecimento das lutas em torno dos direitos emergentes. O Sinasefe-SP traz o compromisso com a construção de um Instituto Federal profundamente democrático, artífice de uma educação pública socialmente referenciada, educando para a liberdade, à autonomia e para uma cidadania ativa, em uma sociedade edificada na justiça social e ambiental. A classe trabalhadora do serviço público da educação federal clama por um Sindicalismo em Movimento, com coragem para reivindicar, defender e lutar por direitos e cidadania. Sigamos juntos, sempre na vanguarda da luta sindical!
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Adelino Francisco de Oliveira, professor Instituto Federal de São Paulo, campus Piracicaba; [email protected]