
Premiada peça propõe uma imersão no imaginário infantil por meio de uma narrativa lúdica e reflexiva
Depois de uma temporada de sucesso em São Paulo, o espetáculo infantil Zebra Sem Nome segue em circulação por dez cidades do interior e litoral paulista. A montagem, que aborda de forma lúdica e musical temas como representatividade, identidade e empoderamento negro, chega a Piracicaba em apresentação gratuita e acessível em libras neste domingo (26), às 16h, na Associação Cultural e Teatral Guarantã.
Com concepção e direção geral de Marina Esteves, Zebra Sem Nome é um convite ao imaginário infantil, ancorado na linguagem das histórias em quadrinhos para compor uma dramaturgia poética e imagética assinada pela premiada escritora Maria Shu. O espetáculo foi indicado ao prêmio APCA, da Associação Paulista de Críticos de Arte, como Melhor Espetáculo Infantojuvenil e venceu na categoria de Melhor Desenho de Luz.
No palco, a dupla de atores Joy Catharina e Robert Gomez dá vida à protagonista Zebra, uma personagem que parte da savana em busca de um nome e, nessa jornada de autoconhecimento, encontra figuras inspiradoras da história brasileira como Glória Maria, Lélia Gonzalez e a Palhaça Xamego, a primeira palhaça negra do Brasil.
Para a diretora Marina Esteves, a jornada da Zebra em busca de um nome é, na verdade, um convite para que as crianças se reconheçam, questionem e celebrem quem são. “Ao trazer referências como Glória Maria, Lélia Gonzalez e outras figuras negras fundamentais da nossa história, buscamos ampliar o repertório simbólico das infâncias, oferecendo caminhos de pertencimento e identificação”, pontua ela, que complementa: “Levar esse espetáculo a cidades do Estado de São Paulo é uma forma de democratizar o acesso a narrativas negras e contribuir para o surgimento de novos coletivos e dramaturgias que representem a diversidade da nossa sociedade”.
Sonoridade afro-brasileira e visual poético – A trilha sonora original é executada ao vivo e conta com uma formação inusitada: guitarra, trompete e pick-ups. Com influências afro-diaspóricas, a música reforça o caráter épico e afetivo da montagem, como na canção de abertura Não há mais nada para aprender aqui, que cita versos da música Raízes, de José Geraldo Rocha.
A cenografia e o figurino seguem uma estética afrominimalista, com predominância das cores branco, vermelho e preto. Criados por Felipa Damasco e Lívia Loureiro, os elementos visuais foram desenvolvidos de forma colaborativa com a equipe, acompanhando as microtrajetórias da Zebra por diferentes espaços, como um circo, um supermercado e uma lona circular de seis metros de diâmetro onde se desenrola a narrativa. O espetáculo também incorpora vídeo mapping, ampliando a dimensão visual da cena.
SERVIÇO – Zebra Sem Nome. Domingo (26). 16h. Associação Cultural e Teatral Guarantã – Rua Santa Lídia, 548 – Areião, Piracicaba. Livre | 50 minutos | Ingressos gratuitos (retirada uma hora antes no dia da apresentação) | Sessão acessível em libras.