Juliana Cordeiro
Dando um giro rápido pelas redes sociais e pela internet no geral, isso fica tão claro, quando vejo crianças e adultos vidrados em telas de celulares e afins, crianças e adultos completamente dependentes da dopamina digital e totalmente aversos, alheios e hostis à quaisquer opiniões divergentes, sem qualquer empatia ou até mesmo com ojeriza à esta palavra, contrários à qualquer causa do mundo real, ou as dores de seus semelhantes sempre penso nisso, a humanidade vai acabar antes dos humanos.
É bem claro que a humanidade será extinta, já está em processo de extinção, mas os humanos não, ou pelo menos não ao mesmo tempo, nossa raça continuará vagando por aí mais uns séculos ou milênios, mas tudo que é realmente próprio de um Ser Humano como a sensibilidade, a empatia, a cooperação, as falhas, o amor, a amizade, o sentimento de família, a arte, a história, o jornalismo, a psicologia, a espiritualidade, a ecologia e preservação da natureza, já estão em plena extinção têm sido rapidamente substituídos pela ditadura do egoísmo.
Essa ditadura do egoísmo é propagada por máquinas, que simulam emoções ou experiência humanas reais num mundo virtual, mas não existe quaisquer humanidades nelas, na realidade elas servem a um grupo muito seleto de pessoas que querem um fim, para os quais somos apenas um meio e esse fim é o dinheiro? Não. É além disso, muito mais que isso, no planeta Terra hoje tudo é sobre dinheiro, exceto dinheiro, dinheiro é sobre poder, e o poder é poder manobrar e direcionar a sua mente, seus sentimentos e seus desejos para os produtos ou ideias dos anunciantes ou dos políticos que bancam esse sistema, nenhuma informação na internet é inocente ou isenta, ela sutilmente te direciona, te doutrina, te leva a querer ou a repudiar algo, te leva a odiar seu semelhante apenas por um rótulo que foi posto nele, não pela sua experiência pessoal, física e intransferível, mas pela experiência de terceiros direcionados pelos algoritmos, os famosos algoritmos.
É por isso que digo, em breve, a humanidade vai acabar e só restará nós, os humanos sem humanidade, as cascas, sacos vazios de olhos vidrados, incapazes de pensar por si próprios, incapazes de escolher sem ser direcionados, incapazes de produzir qualquer coisa original que seja independente de uma máquina, de uma IA, de um algoritmo, o que isso nos causará enquanto espécie? Quando todos os valores civilizatórios já não forem nem uma lembrança o que substituirá esses valores? Voltaremos ao estado inicial do ser humano de guerra pela sobrevivência, de salve-se quem puder, da lei da selva e do mais forte, de sermos totalmente animais sem vestígios de humanidade? Ou será que nos destruiremos finalmente fisicamente no fim e outra espécie evoluirá e assumirá o controle do planeta? (Torço pelos gatos).
Quando o nosso cérebro perder toda a humanidade, toda a capacidade de sonhar, planejar, relembrar, se comover, perder a capacidade de empatia, compaixão, espiritualidade criação, pensamento abstrato, ética, moral, amizade e amor o que mais seremos senão mais um bicho a ser exposto num zoológico ou museu? É para isso que estamos caminhando à passos largos…cada um vidrado no seu mundo de 15cm por 7cm vinte e quatro horas por dia.
A única experiência humana que ainda não existe um substituto virtual é a alimentação e o sono, do resto pode-se viver virtualmente todo o tempo, não ironicamente as únicas experiências que um animal precisa para sobreviver são essas, alimentação e sono, mas como já dizia Titãs “… a gente não quer só comida a gente quer comida diversão e arte…” Será que ainda quer? Me parece que não, no momento só queremos comida mesmo, comida e uma tela para rolar até nosso cérebro derreter e voltarmos ao estado primitivo de antes da humanidade propriamente dita surgir.
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Juliana Cordeiro, advogada do Sindicato dos Municipais de Piracicaba