#FALAPAULOSOARES – Crescimento da população idosa amplia demanda a gerontólogos

Não é de hoje que eu escuto: a geriatria é a disciplina do futuro. E essa realidade – que antes poderia até soar como apenas “tendência” – é cada vez mais visível em nosso cotidiano. No mês passado, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou os dados de 2022 da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), em que aponta um crescimento da população com 65 anos ou mais no País.

O estudo mostra que, em dez anos, houve aumento da proporção dos idosos na população. Ou seja, em 2012, cerca de 7,7% dos brasileiros estavam acima dos 65 anos. Mas no levantamento mais atual, a Pnad Contínua aponta que agora a proporção é de 10,5%. Em reportagem da CNN Brasil, o pesquisador do IBGE, Gustavo Fonte analisa: “Observando-se a pirâmide etária da população brasileira, entre 2012 e 2022 (nota-se) o alargamento do topo (onde estão representados os mais idosos) e o estreitamento da base.”

Já o Ministério da Saúde aponta que o perfil epidemiológico (ou perfil da saúde) da população idosa é caracterizado pela tripla carga de doenças, com forte predomínio das condições crônicas, prevalência de elevada mortalidade e morbidade por condições agudas decorrentes de causas externas e agudizações de condições crônicas.

O site do Ministério aponta, ainda, que a maioria dos idosos é portadora de doenças ou disfunções orgânicas. “Esse quadro não significa necessariamente limitação das atividades, restrição da participação social ou do desempenho do papel social”, pontua, no entanto, ressalta que, baseado no Plano Internacional para Envelhecimento, conduzido pela ONU (Organização das Nações Unidas), em Madri, no ano de 2002, está estabelecido como objetivo a garantia do envelhecimento seguro e digno para todas as populações do mundo com participação e lugar nas sociedades como cidadãos plenos de direitos.

Em outras palavras: embora o perfil de saúde com “alta carga de doença” não signifique que os idosos tenham, necessariamente, limitação de suas atividades, é preciso levar em consideração o que se tem, enquanto documentos internacionais, para que essa população possa viver com qualidade de vida e desfrutando de todo o seu potencial.

Neste aspecto, é importantíssimo destacar o papel do gerontólogo. É o profissional responsável por compreender e estudar os processos relacionados ao envelhecimento, ou seja, das questões físicas, sociais e emocionais que surgem para a população acima dos 60 anos. A pessoa que está nessa faixa etária precisa de atenção, carinho e de indivíduos que ouçam, de fato, o que tem a dizer e o que estão sentindo. É de extrema importância entender o que está passando e como é possível melhorar por meio de intervenções no dia a dia.

Esse profissional possui uma formação multidisciplinar. Durante as aulas de Gerontologia estuda-se psicologia, nutrição, biologia, direito, serviço social, antropologia, administração, entre muitos outros aspectos relevantes que auxiliam no bem-estar dos idosos. Além disso, possui uma visão sobre tudo o que acontece na vida das pessoas do ponto de vista biológico, psicológico e sociológico.

A preocupação do gerontólogo é ajudar as pessoas a envelhecer da melhor maneira possível. Além da atenção básica, é um profissional que também oferece orientações de planejamento e cuidados no dia a dia, entendendo as necessidades de quem está com uma idade avançada, pois dessa forma ajuda a manter a qualidade de vida do idoso.

Além disso, o gerontólogo possui diversas áreas para atuar no mercado de trabalho, como na gestão de casos, políticas públicas, educação (ensino e pesquisa), reabilitação, reinserção na sociedade, segurança, home care, atividades corporais e comportamentais, em hospitais, clínicas especializadas, centros e unidades básica de saúde, ambulatórios, instituições que cuidam de idoso, como as casas de repouso, entre muitas outras.

Na atual conjuntura da população brasileira – e, por que, não, mundial também – é preciso que, cada vez mais, pessoas saibam que exista esse profissional que estará preparado para cuidar das pessoas que amamos. Por isso, devemos não apenas respeitar esse trabalho que é tão fundamental, mas sobretudo valorizar os profissionais.

Gerontólogos são os profissionais do futuro!

 

 

Paulo Soares, presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV/Aids, Sífilis e Hepatites Virais)

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