Sergio Oliveira Moraes
Palavrinha que amizade antiga assoprou numa prosa. Desassossegou. Ficou no redemoinho, espantando o sono da rede, o olho em Diadorim, cara a cara com o Hermógenes – no Grande Sertão, nas veredas de Rosa. O senhor leu? Muito carece. Desassossego da palavrinha “Esquenta” me tirou a leitura. É que tá chegando o dia, daqui a pouco é o “chegou”. Desassossega.
E, quem sabe, já é hoje que chegou. 28 de junho, quarta-feira, é hoje? Se o senhor diz que é, então é. Agora só faltam horinhas, 14h e 30 já chega. O senhor vai? Sua pessoa não pode faltar. Câmara Municipal nem meia légua. Carece de preocupar-se com roupa não, menos bermuda, o senhor tá na distinção. É prosa para discutir a elaboração do Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (PMLLLB), coisa da maior compenetração. Riobaldo gostava de Diadorim de amor mal encoberto em amizade. Riobaldo ensinou Zé Bebelo a ler e escrever, juntar as letrinhas nas palavras. Riobaldo Tatarana, respeito da jagunçada, coronéis. Esse tempo passou. Não? Seo senhor diz que não, aceito. Compadre Quelemém, sabedor da doutrina de Kardec muito instruiu Riobaldo. O moço acompanha? É livro, leitura dando a instrução.
O senhor é moço, chegando, vai saber que nossa terra, é cheia das histórias. Carece ler, muito se escreveu, se escreve. Nossa terra é das muitas gentes que desde o sempre soube colocar as palavras nos jornais, nos livros. Instrução das leituras. Também sei ler e escrever como Riobaldo, me orgulho. Em Piracicaba muito se escreveu, se escreve, precisa o povo conhecer. E os que escreveram nas lonjuras dos tempos e caminhos, carece conhece-los também. No resumo é o que o PMLLLB pretende – fazer os livros, as leituras, as bibliotecas chegarem à toda cidade. O senhor diz o que? Maravilhoso? Sabia que ia gostar. Vamos juntos, nem meia légua.
Antes do almoço de Otacília, sim, o senhor almoça com a gente, conto de dois da terra que escreveram livros. São muitas as gentes que escreveram, escrevem, 14h30 temos comprometimento, então resumo. Já ouviu falar de Tales de Andrade? Já? Conheceu a Biblioteca Pública “Thales Castanho de Andrade”, na Freguesia do Ó, na capital? Ficou conhecendo pelo Sistema Municipal de Bibliotecas e foi visitar? Bem se vê que o senhor é instruído. Então sabe também que Thales, ou Tales era da nossa terra. O senhor conhece a Biblioteca Pública Municipal “Ricardo Ferraz de Arruda Pinto”? Não? É da nossa terra, faço questão.
Mas sua sabença não é do total, agora confirmo. Numa feira de artesanato no estacionamento da Câmara Municipal conheci uma jovem escritora, por nome Laís Ferreira de Oliveira, que escreveu e ilustrou, é seu moço, um livro por nome: “Contos para não ler sozinho”. Nas curiosidades das coisas de dar medo, comprei seu moço. Por antes um dedo de prosa com ela, levei de gosto o livro. Já lhe mostro seu moço, com o compromisso de ler aqui, não empresto. O senhor entende, sei que entende. E o mimo? O mimo também não é de sua sabença. Um marcador feito nas tramas do crochê, coisa de mãe. Cresceu inveja em Otacília, que está chamando pro rancho. Antes, se o senhor não se importa, que é para não cair no esquecimento, um aviso no portão: “Hoje, dia 28 (quarta-feira), a partir das 14h e 30 min estaremos na audiência pública para discutir a elaboração do Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (PMLLLB), na Câmara Municipal, não adianta chamar”.
Gostou do “Esquenta”, seu moço? #porumapiracicabaleitora
_______
Sergio Oliveira Moraes, físico, professor aposentado Esalq/USP