Pode a alma de um ex-presidente trazer mensagem relevante para nós?

Alvaro Vargas

 

Nos dois mundos, material e espiritual, os espíritos estudam, trabalham e evoluem. Interagem entre si, e geralmente são aqueles que estão na erraticidade que nos dirigem, influenciando a nossa jornada diária. Nosso destino é regressar para a nossa verdadeira pátria, e aqueles que lá se encontram, pelo mecanismo reencarnatório, voltarão ao mundo físico. Assim, com uma visão amplificada pelas realidades existentes na vida após a vida, é que Nilo Peçanha (1867-1924), ex-presidente do Brasil, enviou uma mensagem (XAVIER, F. C. Palavras do Infinito, Pelo Espírito Humberto de Campos, cap. 16). Embora tenha sido transmitida há mais de 80 anos, as suas observações estão atualizadas, particularmente, sobre a corrupção, que permanece banalizada por parte expressiva de nossa população, e a necessidade de melhorar a educação de nosso povo. Nesse contexto, é oportuno recordarmos o ensinamento do apóstolo Paulo (Efésios, 5:14): “desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te esclarecerá”. Não é mais possível, que nós brasileiros continuemos dormindo eternamente em berço esplêndido. Fundamental que possamos despertar a consciência coletiva de nossa nação, de modo a pautar todas as nossas ações em princípios éticos, com honestidade e responsabilidade.

Sobre as nossas lideranças, Nilo Peçanha considera que a política nacional não vem encarando as suas obrigações com a austeridade necessária. Com algumas exceções, a nossa política administrativa está repleta daqueles que apenas se aproveitam da situação, para os favores pessoais e para as condenáveis pretensões dos indivíduos. No letargo que os poderes da força propiciam, ouvindo empolgado os cantos de sereia do partidarismo e do individualismo pernicioso, vem olvidando os seus máximos deveres, as suas obrigações mais sagradas. É óbvio que no Brasil da atualidade, a única fórmula governamental adaptável às conveniências do país, para que as massas permaneçam isentas dos sacrifícios de toda a natureza, tem de ser baseada nas linhas democráticas, preparando-se a nacionalidade pela educação, na ordem para a evolução do futuro. Entretanto, o extremismo vem solapando o edifício das nossas instituições, espalhando doutrinas anarquizadoras, copiando os programas dos outros povos, esquecendo-se de que ainda não nos dignamos examinar as nossas realidades, as questões visceralmente brasileiras, alheios ao ambiente que reflete as feições peculiares da nossa nação. País essencialmente agrícola, o Brasil tem de voltar as suas vistas para a sua imensa extensão territorial, multiplicando os conselhos técnicos da agricultura, velando carinhosamente pelos seus problemas. Entre os desafios a serem enfrentados, a nação precisa, antes de tudo, do livro e da higiene, das obras de assistência sob todos os seus aspectos.

Observando-se os nossos institutos políticos e econômicos, reconhecemos que quase nada adiantamos além das cópias das normas que nos ofereciam outros povos, dentro de sua existência coletiva, radicalmente diversa da nossa, em suas modalidades multiformes. Nas questões do direito, da administração, dos regulamentos, nada temos feito senão adaptar de maneira errada, tudo quanto observamos em outros países. Seria preciso criarmos um largo movimento de brasilidade, saturado de nossas realidades e necessidades inadiáveis. As coletividades brasileiras fazem mais questão do direito da higiene, do conforto necessário, do pão e da escola que do direito irrisório do voto, nas lutas de clã e no ambiente viciado dos partidos. Seria ideal que os brasileiros se unissem para a cruzada bendita do reerguimento da nacionalidade, conscientes de seu valor próprio, prescindindo as influências estrangeiras, realizando, construindo a pátria de amanhã, cujo futuro promissor constitui uma larga esperança para a Humanidade. Deus ilumine o Brasil, permitindo que ele cumpra a sua missão sublime, como pátria do Evangelho, no concerto das nacionalidades.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita

 

 

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