A inteligência artificial e  o futuro das profissões

Lilian Lacerda

 

Surgida na década de 1950, a inteligência artificial (IA ) tem sua origem praticamente confundida com a origem do computador. Todavia, seu domínio se caracteriza por ser uma coleção de modelos, técnicas e tecnologias que envolvem: busca, raciocínio e representação de conhecimento, mecanismos de decisão, percepção, planejamento, processamento de linguagem, tratamento de incertezas, aprendizado de máquina e, quer seja isoladamente ou agrupadas, resolvem problemas de tal natureza.

Atualmente, a inteligência artificial (IA) por meio da ferramenta ChatGPT, atingiu 100 milhões de usuários em apenas dois meses. O chatbot desenvolvido pela OpenAI é capaz de compreender perguntas subjetivas e trazer informações complexas sobre os mais diversos assuntos.

Uma grande preocupação é entender em quanto tempo a IA substituirá em grande escala o ser humano. Portanto, o desenvolvimento e os usos da IA suscitam questões éticas de fundamental importância para o futuro da sociedade – desde seu impacto no mundo do trabalho, nas interações sociais, privacidade, justiça e segurança.

Assim, impossível não questionar as mudanças no mundo do trabalho. Quais profissões sobreviverão? Seremos substituídos por robôs?  Os assombrosos avanços das novas tecnologias apontam para uma grande revolução em distintas dimensões da vida social, sobretudo no mercado de trabalho. Notadamente nesse campo, as atenções de inúmeros pesquisadores têm se voltado para as possibilidades de ampliação da automação e para a destituição dos postos de trabalho.

Kai-Fu Lee é um cientista da computação, empresário e escritor taiwanês. Em seu livro:  Inteligência Artificial: Como os robôs estão mudando o mundo, a forma como amamos, nos relacionamos, trabalhamos e vivemos, traz uma visão sobre as diferenças entre a aplicação da inteligência artificial em países desenvolvidos e em desenvolvimento.

O autor chama atenção para a questão do mundo do trabalho independente das estimativas, as consequências relacionadas aos empregos e profissões são inevitáveis e aponta para os tipos de perda de trabalho, quais tipos de profissões podem ter um impacto mais rápido e como são os processos de substituição dessas profissões.

Há uma tendência de redução de empregos em tarefas repetitivas e por outro lado os problemas complexos que demandam a inteligência humana para resolvê-los. São vagas que requerem um novo perfil baseado na inovação.

Torna-se um imperativo o debate e a construção de normas éticas e legislação que seja capaz de abranger as mudanças trazidas pelas novas tecnologias com relação aos impactos gerados no mundo do trabalho. A legislação trabalhista brasileira precisa se preparar e se adequar às tendências futuras, incluindo normas regulamentadoras, capacitação profissional, negociações coletivas de trabalho, dentre outras.

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Lilian Lacerda, professora, doutora pela PUC-SP, psicanalista e pesquisadora

 

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