Olha a ponte… a ponte caiu!!!!

Alex Madureira

 

Junho é o mês tradicionalmente dedicado aos festejos de Santo Antonio, São João e São Pedro e, para celebrá-los, nossa cultura local, regional, nacional, dedica boa parte do período para a realização de festas tradicionais, quermesses, com comidas típicas, danças e muita música, demonstrações de fé e alegria. Roupas estilizadas para os homens, com remendos nas calças e camisas e vestidos de chita para as mulheres, com suas tranças nos cabelos, pintas forçadas pelo rosto, dentes pintados de preto para realçarem os/as banguelas.

 

Na condução das quadrilhas, o ponto alto são os falsos comandos:  Olha a cobra! É mentira! Olha a chuva! Já passou! A ponte quebrou! Nova ponte! O caminho da roça. E o tradicional “balancê” para lá e para cá. Perdi a conta dos e-mails, convites no zap, telefonemas dos amigos daqui e da região que recebi para prestigiar festas em escolas, igrejas de várias confessionalidades, entidades como a APAE, que fará sua festa este ano no Engenho, no final do mês, escolas das redes municipal e estadual, enfim, haja fôlego.

 

Lembrei-me da tradicionalíssima festa de São João no distrito de Tupi, com sua imensa fogueira em frente a igreja na praça central do bairro, que ajuda a espantar com seu calor, um pouco do friozinho que temos tradicionalmente no mês de junho.  E do calor humano que se espalha entre as barracas com as comidas salgadas e doces, tradicionais da festa. Fujo do quentão, mas não do guaraná.

 

Ainda garoto no distrito de Artemis, contavam-me histórias fantásticas de homens de fé que atravessavam as fogueiras com pés descalços, não acreditava na proeza, até que um dia, acabei presenciando, de fato este ato de fé noutro canto da cidade. E relembro, com saudades dos tempos em que dancei quadrilha na minha escola a Prof. José Martins de Toledo lá em Artemis e também das nossas grandes festas juninas na igreja de São João Batista, lá no nosso bairro. A simbologia das fogueiras, narra a Bíblia que teria sido uma forma de combinação entre as irmãs Maria e Isabel, que anunciariam a vinda do filho João Batista uma à outra, com uma fogueira nas proximidades de suas casas. O mesmo Batista que viria a batizar Jesus no Rio Jordão.

 

Conta-se também que as festas, de natureza pagã, eram realizadas desde a Idade Média entre os períodos da primavera e verão, no solstício de verão, para celebrar a fartura das colheitas. E pedir proteção a todos naqueles dias, homenageando três apóstolos de Jesus, tornados santos, como Santo Antônio (no dia 13 de junho), São João Batista (dia 24) e São Pedro (dia 29). No Brasil, com a chegada dos portugueses no século XVII, fundiram-se os costumes católicos com os da cultura indígena e, aqui em Piracicaba, com o dialeto caipiracicabano, que quando fala olha a “cobra”, desdobra o nosso “R” retroflexo em vários tons.

 

O poder público em Piracicaba, e em todo o país, tem um papel fundamental na organização destas festas. Em Caruaru, Pernambuco, onde o São João é uma das mais tradicionais festas populares, que atrai turistas do Brasil inteiro, chegamos a níveis de profissionalismo inimagináveis entre nós. E certamente tanto Piracicaba, com as demais cidades da nossa Região Metropolitana, desdobram-se nos apoios para oferecerem toda a infraestrutura necessária aos organizadores, como tendas, barracas, som, pagamentos de cachês aos cantores, policiamento nos locais, organização do trânsito, cessão dos prédios, entre outros itens que podem não aparecer, mas que estão presentes e necessários para o bom andamento de todas elas. E isso deve ser reconhecido pela nossa sociedade como item fundamental para o sucesso de todas elas.

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Alex Madureira é deputado estadual pelo PL e Corregedor da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp)

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