Sempre pode ser ela?

Douglas Campos Filho

 

A tuberculose persiste, nos dias de hoje é mais frequente que a sífilis e pode ludibriar médicos bem preparados, devido sua alta incidência em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.

Na Holanda, um clínico geral levara cerca de dez anos para se defrontar com um caso de tuberculose, nos EUA ocorrem cerca de 11 mil casos ano, no Brasil a incidência pode chegar a 100 mil casos ano e apresentar situações não típicas e simular outras doenças.

Na tuberculose pulmonar primária (infantil), o problema é fazer o diagnóstico, devido ser paucibacilar, dificuldade de coletar amostras e ser confundido com pneumonias, atelectasias, doenças tumorais e corpo estranho.

A tuberculose em adulto tem apresentação radiológica diferente em relação à tuberculose infantil e o diagnóstico bacteriológico pode ser falso negativo em 40% dos casos e diagnostico diferencial pode ser com o câncer de pulmão, pneumonias, abscesso, doenças intersticiais, linfomas, vasculites e micoses pulmonares; a tomografia computadorizada de alta resolução demonstrou-se extremamente útil e facilitou o diagnóstico nos casos de exame bacteriológico com o escarro negativo.

Na tuberculose extrapulmonar, 20% dos casos atingem outros órgãos e pode se tornar sistêmica, como tuberculose pleural, de gânglios linfáticos, óssea, genito urinário, sistema nervoso central (SNC), etc; só não foram descritos tuberculose no cabelo e na unha.

Quanto à tuberculose disseminada, geralmente são graves e subaguda e facilitada por doenças que diminuem as defesas orgânicas, como: AIDS, velhice, diabetes mellitus, insuficiência renal, uso de corticoides, linfomas, desnutrição e outras. Na forma disseminada pode atingir todo órgão e apresentar-se como síndrome séptica.

A tuberculose em nosso meio é tão grande imitadora quanto à sífilis e não devemos esquecer, dentro do meio médico, em áreas de saúde da (Lei de Bethlem): “A tuberculose é sempre uma possibilidade”, pois sempre pode ser ela. Newton Bethlem foi professor doutor da UFRJ, mestre dos mestres da pneumologia no Brasil.

Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho, médico

 

 

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