A urgência de uma educação global

Adelino Francisco de Oliveira

 

 

A educação global deve formar para uma nova sociabilidade – transformando as relações interpessoais bem como a base estrutural da sociedade –, atenta à complexidade que define todas as manifestações de vida. Como fundamentos para esta sociabilidade renovada emergem os princípios de alteridade, complexidade, transição ecológica e direitos humanos.

Há uma urgência de se construir uma educação global, formando para a cidadania, a partir de uma ótica de um mundo ancorado nos princípios de justiça social, direitos humanos e de ecologia integral. Estamos diante do grande desafio de construir e avançar para sociedades justas – capazes de reconhecer e promover a dignidade humana – e ecologicamente sustentáveis. Para isso é fundamental uma educação global, sensível à complexidade da vida.

Educar para a cidadania! A educação global deve educar e formar para o sentido da cidadania, de maneira a cultivar e fazer brotar em cada pessoa o sentimento forte e precioso de que todos são iguais em direitos e corresponsáveis pelo destino comum. O que se coloca em questão é justamente o valor da igualdade e com ele o sentido da cidadania. Em uma sociedade democrática não há maior valor do que ser cidadão, tendo direitos e deveres garantidos e definidos em Carta Constitucional.

Educar para uma outra Economia! A educação global deve formar para uma outra economia, que equacione justiça social e desenvolvimento sustentável. É preciso forjar uma educação global, que seja capaz de formar para a democracia e se comprometer com uma perspectiva solidária, em uma sociedade sem pobreza, capaz de dividir todos os bens que produz. A educação deve sedimentar o desejo de se construir novas estruturas, profundamente solidárias e includentes, que tenham a vida humana como a grande verdade sagrada. Um novo modelo econômico precisa surgir.

Educar para a Cidadania Ecológica! A educação global deve ser também uma educação para a cidadania ecológica, formando para a plena compreensão de que não há possibilidades para a vida humana fora do planeta terra. Sem a preservação do planeta, com toda sua biodiversidade, a vida humana, não obstante, também não terá futuro.

Educar para os Direitos Humanos! A vida revela-se como um delicado, frágil e intrincado entrelaçamento. Há uma solidariedade profunda, que nos lança ao outro, exigindo gestos de cuidado e compaixão. As graves desigualdades sociais já alcançaram um nível insuportável. É preciso agora avançar e construir, politicamente, um mundo de equidade, capaz de reconhecer a dignidade de cada pessoa. No programa de educação global, torna-se urgente se educar para os direitos humanos.

O desafio para uma educação global consiste em formar para uma nova sociabilidade, transformando tanto as interações interpessoais, as estruturas sociais quanto as relações com a natureza. O município, espaço onde a vida real e cotidiana acontece, é o lugar privilegiado para começar a semear o novo tempo, que deve ser demarcado pela cultura do bem viver. Economia solidária; fortalecimento da democracia, com ampla participação popular; diálogo profundo com natureza e um mergulho radical nos dramas do mundo para conhecer o próximo – acalentando a profunda empatia – sinalizam para este processo de reconstrução humana e social. Eis as diretrizes éticas para uma educação global.

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Adelino Francisco de Oliveira, Doutor em Filosofia. Mestre em Ciências da Religião, professor no Instituto Federal, campus Piracicaba; [email protected]

 

 

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