Como se comporta um bipolar

João Salvador

 

É inadmissível chamar alguém de bipolar sem saber o real motivo de sua oscilação de humor, inerente a qualquer ser humano. Somente um psiquiatra ou um analista terapêutico, pode avaliar o quadro de transtorno da bipolaridade, que se estabelece dentro do espectro da instabilidade  emocional.

No polo superior do transtorno bipolar, concentra-se a mania de superioridade, em que a pessoa repete as mesmas coisas, dentro da ideia de grandeza, de se autoelogiar, fora de seu padrão basal. Quando cai na realidade, na hipomania, no polo inferior,  se chateia por ter cometido excessos, perde sua autoestima e entra na zona da depressão e da tristeza duradoura.

Na psiquiatria, a mania é considerada uma agitação desproporcional. O acometido pelo quadro bipolar, fala muito e muito rápido, com grande capacidade de raciocínio, porém a fala pode ser desconexa, atrapalhada. Diante de uma pergunta, passa a emendar, a divagar na resposta, a contar uma estória de maneira prolixa, enfadonha e esdrúxula, pela fuga de ideia. A libido instintiva é altíssima e, às vezes, chega a trabalhar além do necessário. Quem o conhece, logo vai perceber que algo está errado.

Dois polos, portanto, duas fases, o da mania e o da hipomania. Ainda no polo superior a pessoa se sente extremamente eufórica de forma repentina e no inferior, ela se apresenta deprimida, angustiada e a mente fica sedenta por um estímulo. É uma doença que pode ocorrer com adultos, crianças e adolescentes.

Não há uma causa aparente bem determinada, mas especula-se que a origem pode estar associada a traumas na infância, na química do cérebro ou por uma questão genética. Os portadores da bipolaridade, têm alto risco de cometer o suicídio. Estima-se que dos que desejam por fim na sua própria existência, 20% conseguem o objetivo.

Não há cura, o transtorno pode apenas ser controlado, para evitar reincidências. Para tanto, é necessário manter o acompanhamento médico e psicológico, tomar os medicamentos regularmente, como os estabilizadores de humor e os antipsicóticos, além da mudança de costumes ou de hábitos, como uma boa alimentação, dormir bem e praticar, regularmente, os exercícios físicos recomendados. Estima-se que um milhão e oitocentos mil brasileiros sofram dessa  grave doença mental.

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João Salvador, biólogo e articulista

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