Do Fascismo ao Terrorismo

Osmir Bertazzoni

 

A prática terrorista de impor medo é uma especialidade de Augusto Heleno Ribeiro Pereira que se suspeita ter participado destas investidas terroristas no dia 8 de janeiro em Brasília, por muitas vezes denunciadas.

General Heleno tem sobre si a suspeita do cometimento de atos desproporcionais no uso da força onde, no Haiti, durante uma noite, determinou à sua tropa que disparassem 22 mil tiros de fuzis. Foi na madrugada de 6 de julho de 2005, tropas da Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah), comandadas pelo exército brasileiro, fizeram uma operação de “pacificação” na maior favela da capital haitiana, Porto Príncipe, conhecida como Cité Soleil. Segundo testemunhas, cerca de 300 homens fortemente armados invadiram o bairro e assassinaram 63 pessoas, deixando outras 30 feridas.

Na época, o comandante da Minustah era o general brasileiro Augusto Heleno, que foi ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e responsável pela inteligência do governo Bolsonaro.

O assalto ao Congresso de Brasília, ao Supremo Tribunal Federal e à sede do governo levanta muitas dúvidas se o histórico e a experiência do General Heleno no Haiti não traz o referido general ao protagonismo ou estímulo dos presentes atos, há dúvidas ainda sobre a atitude de policiais e militares, bem como sobre o papel desempenhado pelo governador de Brasília e, sobretudo, pelo ex-ministro da Segurança de Bolsonaro, Anderson Torres. Certamente – além das imagens dos agentes tirando selfies durante o assalto de apoiadores de Bolsonaro e dos estranhos sinais do exército mobilizado para proteger o acampamento dos manifestantes – temos também as palavras e decisões do STF.

As primeiras decisões – Afastamento por 90 dias do governador do Distrito Federal de Brasília, Ibaneis Rocha, e amplas investigações para esclarecer o papel de todos os atores neste caso. Estas foram as primeiras movimentações do Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes: “A escalada violenta de atos criminosos só poderia ocorrer com o consentimento, e mesmo com a participação efetiva, das autoridades competentes em segurança pública e inteligência”, disse Moraes. O primeiro ato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (que estava em Araraquara, São Paulo devastada pelas enchentes) foi decretar intervenção federal na segurança do distrito de Brasília até 31 de janeiro. O Brasil é de fato um estado federal e cada distrito tem sua própria autonomia: com essa decisão, Lula colocou a gestão da segurança do distrito de Brasília sob o controle do governo.

Já havia sido anunciado várias vezes a prática do terrorismo e no dia 8 de janeiro foi praticado contra a democracia e a história brasileira. O assalto ao Congresso de Brasília, ao Supremo Tribunal Federal e à sede do governo levanta muitas dúvidas, em especial sobre a atitude de policiais e militares, bem como sobre o papel desempenhado pelo governador de Brasília e, sobretudo, pelo ex-ministro da Segurança de Bolsonaro, Anderson Torres. Certamente – O Brasil de Lula promete “castigos exemplares”: “São fascistas terroristas em um país livre, é a tentativa de impor pela força o que não se consegue obter do voto popular, que sejam punidos e que nunca mais ninguém ouse atentar contra a soberania do Brasil”.

O papel da polícia – Os problemas de gestão da segurança são evidentes desde os primeiros momentos. O contraste com os manifestantes nos locais mais sensíveis e controlados de todo o Brasil era muito fraco e quase inexistente. “É a polícia do Distrito Federal que tem que fazer a segurança e não tem feito”, disse Lula.

Bolsonaro estimulou seu exército de militantes e covardemente fugiu para a Flórida (USA). Torres viajou para Orlando também na Flórida poucos dias depois de sua nomeação em Brasília, tomando um avião também com destino à América do Norte, enquanto o General Heleno permanecia no Brasil possivelmente dando comandos. As articulações estavam acontecendo no hemisfério norte, de forma covarde por um militar que nunca deixou de ser conhecido no meio como “bunda suja”.

 

José Osmir Bertazzoni, 64, jornalista e advogado.

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