Jose F. Höfling
Escrevo sempre com o objetivo de minimizar certos assuntos para aqueles que não são da área e nem cientistas, os conceitos e fatos que envolvem a ciência: a pandemia é uma delas. Envolve minha área de atuação como professor e pesquisador universitário.
O conhecimento gera transformação para qualquer um que o tenha! Recentes observações e constatações demonstram casos que se ampliam em relação à pandemia assustando mais uma vez a população que estava sossegada achando que a pandemia havia acabado.
Infelizmente, quase sempre, fazem uma interpretação errônea baseada em pressupostos “negacionistas” perpetrados e/ou incutidos em suas mentes por entidades superiores com objetivos escusos. É fácil enganar quem estudou pouco ou nem conseguiu terminar o ensino médio ou se caracteriza como um alvo fácil de manipulação por razões várias.
Mas vamos ao que interessa. A pandemia, já conhecida de todos e da qual temos sido fruto de sofrimento, voltou ou nunca foi embora? Com certeza, tem estado por aqui todo esse tempo. É preciso entender que vírus são entidades minúsculas com uma grande propriedade, que é a de sofrer mutação, ou seja, trocar de disfarce. E aí temos ouvido falar de linhagens, sublinhagens, variedades etc., (tipo pai, filho, neto, bisneto etc) e, consequente, evasão do sistema imune.
Isso significa “mudar de cara” para “enganar o nosso sistema imune… Imaginem um de nós fazendo uma plástica que nos deixa tão diferentes que não reconhecemos a nós mesmos e muito menos os outros nos reconhecem?!
Tudo isso indica que tem sido uma capacidade fundamental para esses organismos que supostamente deram origem a muitos outros organismos mais complexos e também auxiliam grandemente na sua sobrevivência e permanência neste planeta e, possivelmente em outros planetas e outros sistemas solares. Essa tem sido a ânsia de cientistas que procuram vida fora de nosso planeta e de nosso sistema solar.
Então temos que nos perguntar? A vacina não funciona? Funciona, sim! Mas para aquilo que ela foi produzida inicialmente, é como tirar o molde de uma determinada coisa e depois constatar que ela se encaixa fielmente, tipo chave e fechadura, mas à medida que o vírus vai se modificando, a chave não se encaixa mais, então o que temos que fazer?
Graças à tecnologia de hoje, vacinas podem ser “produzidas” mais rapidamente, nos permitindo que novas vacinas venham contra as tais das variantes (modificações genéticas dos vírus). Agora, vocês imaginem quem nunca tomou vacina por motivo que seja? Vai sofrer as consequências disso, com certeza, e muitas vezes pagar com a morte: a cada modificação viral, somos obrigados a nos “adaptar” também em termos de produzir vacinas, e isso nos leva a entender por quê ainda não tivemos a chance de produzir vacinas contra a AIDS?
Existem mais de 40 tipos de vírus, ou seja, variantes das variantes. E aí, como produzir vacinas contra tudo isso? Vai demorar um tempo, creiam, mas não podemos desistir. Alguns vírus foram erradicados por motivos vários, mas os demais estão por aí! O que queremos? Vamos ter que conviver com eles e se possível trabalhar para que eles sejam erradicados.
Como Albert Sabin, o criador da vacina contra a poliomielite, afirmou: Os vírus estão por aí, em todo o lugar, temos que conviver com eles e se possível não permitir que eles nos causem mal. Portanto, variações (mutações) são constantes, vírus sofrem metamorfose a todo instante (semelhante a todo ser vivo animal e vegetal), dado à sua rapidez de multiplicação exuberante, isso os torna capazes de alta sobrevivência no meio ambiente e consequentemente, mais difíceis de serem erradicados!
Se os vírus pudessem falar, eles diriam com certeza: “Agora posso dizer o que já disse antes. Sou uma metamorfose ambulante”.
______
Jose F. Höfling, microbiologista e imunologista, professor da Unicamp