Thiago Deffende
Eleições acabaram, já podemos voltar para o grupo de família, voltar ao grupo de amigos, e daqui quatro anos voltamos a discutir.
Se fosse tão fácil…
O que realmente vamos levar como lição após as eleições mais acirradas que tivemos desde a redemocratização (que nunca nos trouxe de fato uma democracia plena)?
“Mas o Brasil vai virar uma Argentina, uma Venezuela…”
O processo para isso, do ponto de vista econômico, já vem sendo “muito bem” elaborada por todos que ocuparam aquela cadeira em Brasília, apenas o discurso muda, e é questão de tempo até o projeto surtir efeito, infelizmente.
As eleições deixaram de ser democráticas a partir do momento em que demos voz a autocratas, compromissados com a democracia apenas quando lhes convém, com liberdade se valer apenas para si ou apoiadores.
Nossa democracia nunca se consolidou. A verdade é essa. Steven Levitsky até se esquiva da história do Brasil na obra “Como as democracias morrem”, já que para contar nossa história seria necessária uma atenção totalmente a parte.
Estamos vendo nossa constituição ser usada contra ela própria, o artigo 142 sendo propagado como a chave para barrar um resultado legítimo das urnas, numa tentativa de aparelhar as Forças Armadas para agirem contra o previsto no próprio artigo: “… destinam-se à garantia dos poderes constitucionais e (…) da lei e da ordem.”
A impressão que deixa é que a história foi até generosa demais e, por mais doloroso que seja admitir, não aprendemos nada.
Deixamos chegar no ponto de uma eleição ter no 2º turno dois presidentes que já tiveram suas chances, e com uma diferença mínima na porcentagem dos votos.
A realidade, não aprendemos. 2026 é logo ali, focamos tanto em figuras, que esquecemos de projetos e de fortalecer novas vozes. O Brasil ficará fadado a mais quantas décadas de sua história ao retrocesso e atraso? Até quando a política ficará nas mãos daqueles que já a controlam há anos? Por que não dar uma chance à renovação?
E para uma breve reflexão sobre tudo, deixo apenas uma frase de Darcy Ribeiro: “Tenho tão nítido o Brasil que pode ser, que há de ser, que me dói o Brasil que é.”
Thiago Deffende, presidente da JS do PDT de Piracicaba.