Camilo Irineu Quartarollo
Os políticos embarafustaram-se pelo templo, apertando mãos de fieis. Atrás, em estilo apoteótico marchou o presidente pela ala central, saudado por fãs dele com gritos efusivos de “mito, mito”, no espaço consagrado à Virgem!
Dentre outros, o candidato Tarcísio e o Astronauta diante da nave principal. Todos ocupando o primeiro banco da igreja. Nenhuma andorinha mais pela abóbada e o sacerdote pede silêncio aos “adoradores” do mito, conclamando que rezassem por bênçãos da Virgem.
Jesus disse pelo evangelista São Lucas, capítulo 14: “quando convidado não se assente no lugar de honra, pois é possível que este lugar esteja reservado a alguém ainda mais digno do que você”. Talvez o outro convidado tenha declinado por ora e por respeito.
Batizado duas vezes por pastores evangélicos, o visitante afirma-se católico com esposa evangélica e votos naquele redil, contudo deixou de receber a hóstia consagrada dos católicos. Porém, um grupo de senhoras que chegou fora do horário de missa protestava pela eucaristia negada como “um direito”. Ora, as partículas são consagradas num ato próprio, na missa, não é fetiche de papa-hóstia. A missa é remissiva à ceia memorável do cenáculo, muito bem descrita pelo evangelista João, um remédio que para alguns pode ser veneno.
A eucaristia é por excelência bem espiritual da comunidade, de comunhão. Indispensável a preparação íntima do fiel junto da comunidade, através dos atos litúrgicos, iniciando-se pelo penitencial até chegar ao ofertório, exceção se faz a acamados.
Ainda fora da Basílica, encamizados de verde e amarelo, da cor da bandeira que deviam honrar, vão à frente do templo e ao verem um homem de camisa vermelha, “supostamente” adversário, atacam-no a ele e à equipe de reportagem que cobria o evento! Essa fixação por roupas é um fetiche, idolatria de mitômano. Vejam-se o odiento discurso do deputado Frederico D’Avila do PL, na Assembleia Legislativa de São Paulo. O tal atacou a CNBB e o papa. Porém, a Igreja não se dobra. Os cristãos de dois milênios dizem que as portas do inferno rangem com seus dragões, mas não prevalecerão contra a Igreja de Cristo, não se submeterão à pauta de morte e destruição institucional da qual padece o Brasil e outras nações.
Os insultos prosseguem por fakenews e muito barulho. Ladram contra tudo que representa autoridade e serviço público. Começaram contra as urnas eletrônicas, o Supremo tribunal, recenseadores do IBGE, pesquisadores do Datafolha, médicos pesquidadores da Covid, agentes de saúde. Atacam o próprio arcebispo de Aparecida e, lá dentro da igreja representativa da fé ribeirinha, profanam tudo que é de mais sagrado, como se fossem donos.
No primeiro turno, mesmo com meu boné amarelo fui lá votar. Boné amarelo? O único boné que tinha, ara! Desta vez ganhei um boné CPX. Votarei por um país inclusivo e de respeito às comunidades periféricas e pela Democracia!
______
Camilo Irineu Quartarollo, escrevente, escritor, autor de crônicas, historietas, artigos e livros