O ano era 2015 e a TV Globo ganhava diversos prêmios internacionais, como Emmy de Melhor Telenovela. A aclamada série, “Verdades Secretas” abordavaprostituição e traição no mundo da moda.
Verdades Secretas II
Com o intuito de apresentar, comentar e relacionar fatos históricos e também atuais, sigo minha série de artigos retratando Geraldo Alckmin, pré-candidato a vice-presidente na chapa presidencial com Lula.
Primeiro
No artigo anterior, retratei a truculência da polícia sob o comando do ex-governador de São Paulo, inclusive relatei suas condenações por este mesmo motivo.
Esqueci
E não é que me esqueci de relacionar um fato que chocou o cenário político nacional?
Acredito que os mais antenados irão se recordar da inusitada cena em que o Eduardo Suplicy – histórico fundador do Partido dos Trabalhadores, saiu carregado e foi detido pela mesma polícia comandada por Alckmin.
Relembrando
A polêmica ocorrência aconteceu em 2016 e Suplicy, 81 anos, foi detido após protestar contra uma reintegração de posse na Zona Oeste de São Paulo. As imagens divulgadas mostram o momento em que Suplicy se deita com uma moradora na rua para impedir a ação policial.
E tome mais polêmica!
A mais recente polêmica envolvendo o vereador Eduardo Suplicy expôs novamente a fragmentação dos grupos políticos que comandam o Partido dos Trabalhadores (PT).
Desta vez, ocorrida em 21 de junho (recente), durante o lançamento do plano de governo da chapa Lula-Alckmin para as eleições presidenciais de outubro.
Cena de novela
Suplicy interrompeu a solenidade e, de frete para Lula, se queixou sobre não ter sido convidado para o evento e, também, por não ter sido ouvido sobre políticas permanentes de renda mínima.
Cena de novela II
O constrangimento foi geral! O mestre de cerimônia do evento, o ex-ministro Aloizio Mercadante, tentou se justificar, enquanto Lula tentava esconder ou disfarçar o riso no canto da boca e Geraldo Alckmin endossava aos aplausos dos presentes em apoio à Suplicy.
Renda básica de cidadania
Ninguém está inventando a roda, haja vista que a Renda Básica de Cidadania já é uma realidade praticada em diversos países da Europa como forma de garantir o direito à dignidade e à liberdade real para todos os cidadãos.
Estamos diante de uma nova revolução nas forças do trabalho e as pessoas estão se conscientizando, cada vez, mais que a “era da mão de obra” está sendo substituída pela “era do conhecimento”. E, além do mais, nosso mundo superpopuloso sofre com as agruras da diminuição dos postos de trabalho e, obviamente, com os avanços da automação.
Saiu em defesa
Aqui no Brasil, o idealizador e militante há 40 anos desta causa é justamente Eduardo Suplicy – hoje vereador na capital paulista.
Após toda a repercussão da interrupção do evento, o pré-candidato à presidência Ciro Gomes defendeu o vereador e afirmou que o projeto de renda básica estará em seu plano de governo. Já não é a primeira vez que o presidenciável trabalhista assume este compromisso e, inclusive, também já assumiu publicamente que irá batizar o programa social brasileiro com o nome de Eduardo Suplicy, para homenageá-lo.
Frente a Frente
Suplicy me concedeu uma entrevista particular em seu gabinete de vereador no dia 16 de março 2016.
Ferrenho defensor dos direitos humanos, ele algumas vezes interrompeu nossa conversa para realizar ligações para agentes de segurança pública e também para ativistas sociais.
A TV fixada na parede estava ligada com volume suficiente para ser ouvida perfeitamente do ponto de onde estávamos sentados.
Em queda
Grande parte do Brasil estava paralisada em frente à TV acompanhando os desdobramentos do vazamento das gravações de conversas telefônicas entre o ex-presidente Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff, sobre sua nomeação para o Ministério da Casa Civil.
Suplicy,no entanto, parecia não prestar atenção ao noticiário.
Conversa ao pé do ouvido
Uma conversa leve fluiu entre nós, relembramos momentos de sua trajetória, ele me deu alguns conselhos e fez alguns desabafos.
Em dado momento da entrevista, como que parecendo testar meus conhecimentos, ele me fez uma pergunta: “Carolina, você sabe o que aconteceu em 17 de março de 2002?”
Respondi positivamente.
Nesta data, Suplicy e Lula disputaram as prévias internas do PT para a escolha do candidato à Presidência da República.
Foi o dia que Suplicy resolveu desafiar Lula publicamente?
Ao final da entrevista, ele me presenteou com seu livro autografado e fez um pedido: “Este é o e-mail oficial da presidente Dilma Rousseff, estou com diversas dificuldades de me comunicar com ela… Você pode fazer a gentileza de escrever contando sobre nossa conversa e reforçando a importância de aplicar a Lei nº 10.835, sancionada pelo ex-presidente Lula em 8 de janeiro de 2004?
Em vigor
Ocorre que a referida lei que institui a política permanente de distribuição de renda já fora sancionada pelo ex-presidente Lula e logo ao completar exatos 1 ano do primeiro mandato.
Transcorridos 14 anos de governos petistas e sob o comando de dois presidentes distintos, o Brasil assistiu à instituição de penduricalhos diversos oriundos de programas sociais de governos anteriores, como o ‘Bolsa Família’, agora recém nomeado ‘Auxílio Brasil’.
E o prêmio de melhor ator vai para o ex-presidente Lula
O título deste artigo nos recorda o dramalhão global premiado internacionalmente.
E toda boa história só é bem contada se contar com também bons atores, não é mesmo?
Encerro este segundo artigo, de série que estou produzindo sobre Lula-Alckmin, recordando a fala do ex-presidente Lula dita recentemente após a polêmica já citada acima: “Se o Suplicy não fosse brasileiro, se fosse de outro país, a dedicação dele nesses 40 anos de querer o renda básica, já teria ganhado um Prêmio Nobel umas dez vezes.”
Agora o meu recado: Oras, sr. ex-presidente, assuma sua parcela de culpa por este necessário programa social ainda não estar em pleno funcionamento no Brasil! Deixe de cinismo que todos nós reconhecemos que se o senhor tivesse feito a sua parte e deixado as lorotas de lado, os impactos sociais, os artifícios politiqueiros e as artimanhas das barganhas eleitoreiras não iriam vilipendiar nosso povo vulnerável e tão dependente da caneta do ‘Bolsa Família’.
Carolina Angelelli (PSD), pré-candidata a deputada estadual