Barjas Negri
Em 1982, na gestão João Herrmann Neto/José Aparecido Borghesi, foi implantado o primeiro varejão de Piracicaba, por meio da Coordenadoria de Abastecimento, recém-criada pela Prefeitura. Foi um passo importante para incentivar pequenos produtores rurais a fornecer seus produtos hortifrutigranjeiros saudáveis e “controlar” preços numa época de inflação elevada.
Ao longo do tempo vão sendo implantados diversos novos varejões nas ruas e em galpões devidamente projetados para atendimento dos permissionários e facilitar a comercialização que teve grande adesão da população.
O primeiro varejão começou em espaço da Estação Sorocabana até que em 1990 é inaugurado o novo varejão central em galpão construído para facilitar a comercialização dos alimentos e a circulação dos consumidores. Com o tempo, foram construídos e implantados novos galpões e varejões na cidade, com mais permissionários e consumidores: Santa Terezinha, Vila Rezende, Piracicamirim e avenida Raposo Tavares.
Ao tomar posse como prefeito em janeiro de 2005, nomeamos para a Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (SEMA), o engenheiro agrônomo Waldemar Gimenes, que além de produtor rural tinha experiência de ter ocupado o cargo em 1977/78. A ele e equipe de técnicos da SEMA foi delegada a missão de implantar o Plano de Abastecimento a cidade, articulando ações da Ceasa, dos pequenos produtores e dos permissionários para ampliar a produção e a comercialização de alimentos, mediante a implantação e construção de novos varejões, de forma planejada ao longo dos próximos anos.
A partir daí a cidade vai assistir uma expansão significativa do número de varejões, que muito ajudou no abastecimento de produtos saudáveis, incluindo os orgânicos, à população, espalhados pelos bairros da cidade. Foram 12 novos pontos de venda e 17 novos galpões de varejões ou sociais.
O Varejão da Paulista, por exemplo, funcionou até 2006 utilizando barracões da Paulista da antiga estação, ganha o maior e mais estruturado galpão para a comercialização, na avenida Dr. Paulo de Moraes entre as ruas da Glória e Santa Cruz. Outros novos galpões são instalados em bairros mais distantes de acordo com o planejado pela SEMA e pela solicitação dos próprios moradores por meio de suas comissões.
Os novos bairros atendidos são: 1. Parque dos Eucaliptos, 2. Água Branca, 3. São Francisco/Taquaral, 4. São Jorge, 5. Alvorada, 6. Mario Dedini, 7. Santa Rosa, 8. Algodoal, 9. Parque 1º de Maio, 10. Vila Fátima, 11. Parque Piracicaba, 12. Cecap/Eldorado, 13. IAA, 14. Chácara Nazaré II, 16. Jupiá, 16. Santo Antônio, 17. Vila Industrial. Em alguns bairros são utilizados os centros sociais.
Todos esses equipamentos públicos descentralizaram ações da Prefeitura, aproximou produtores de consumidores, incentivaram pequenos produtores agrícolas, ajudaram no bolso dos consumidores que passaram a ter preços menores e produtos de qualidade e fiscalizados pelos técnicos da SEMA. Tudo isso acabou por propiciar uma alimentação saudável e valorizaram os bairros, onde foram construídos os galpões para a comercialização ou os centros sociais.
Como os varejões ocorrem apenas uma ou duas vezes por semana, nos demais dias são utilizados em ações comunitárias e sociais: aulas de dança, zumba, ginástica e capoeira; festas de aniversários e juninas; apresentações culturais; reuniões diversas; feiras de artesanato entre outras, valorizando esses espaços públicos.
No decorrer do tempo, algumas atividades de comercialização nos varejões foram encerradas por redução ou falta de demanda, mas os equipamentos sociais são utilizados até hoje, sendo emblemático o Varejão de Santa Terezinha, que reformado e adaptado pela Prefeitura, transformou-se no Centro Cultural Hugo Pedro Carradore.
A continuidade e o aperfeiçoamento dos trabalhos foram importantes para a política pública de abastecimento. Mesmo com diferença administrativa, os três últimos secretários da SEMA – Waldemar Gimenes, Camilo Barioni e Nancy Thame – deram importante contribuição para a consolidação da comercialização e o abastecimento de produtos hortifrutigranjeiros, até chegarmos aos 40 anos de boa experiência. Nos últimos anos está sob a coordenação de Eliane Oliveira de Souza, diretora de Abastecimento.
E estamos falando de mais de 160 permissionários, mais de 1.000 trabalhadores diretos ou indiretos, e da comercialização, em tempos normais, de quase 250 toneladas de produtos por semana, atendendo quase metade da população piracicabana.
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Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba