As rotulações “jacobinos e os gerundinos”

 

Antonio Lara

 

Da Revolução Francesa herdamos às designações “esquerda/direita”. Estas denominações se prestavam para determinar os lados em que os jacobinos e os gerundinos tomavam seus assentos na assembleia constituinte que promoveu a referida revolução.

Tidos como moderados e conciliadores, os gerundinos ocupavam as cadeiras que ficavam à direita da assembleia, e os jacobinos, bem mais exaltados e radicais, sentavam-se a esquerda. Esta dualidade espalhou-se em todo o mundo, particularmente, nos seus respectivos sistemas políticos. Esta divisão acentuou-se no tempo da chamada guerra fria, quando os EUA, tido como direitistas e a então URSS, como esquerdistas, chegaram a ameaçar com uma terceira guerra mundial.

Aqui no nosso país, em razão da frouxidão da nossa legislação eleitoral e para acomodar os mais diversos interesses, tanto a nossa direita quanto a nossa esquerda não apenas se estabeleceram como se fragmentaram. A partir de então, cada fragmento constitui-se num partido político e passaram a se autodominar: extremas direita, direita, centro-direita, centro, esquerda, centro esquerda, e extrema esquerda.

Disto tem resultado, em nossas Casas Parlamentares, representantes de dezenas de partidos.  A nossa Câmara dos Deputados, os seus 513 integrantes advêm de 25 partidos políticos distintos. Assim sendo, seja que for o presidente da Republica e a que partido pertencer, para formar sua indispensável base de sustentação política, só lhes resta fazer o que vem sendo feito desde a primeira eleição após a nossa redemocratização: partir para as negociatas, ou seja, para o chamado toma- lá- da cá.

Nas eleições que se aproximam, urge que os nossos eleitores não se atenham nenhuma das denominações acima e votem nos candidatos que sua consciência recomendar. Esqueça às denominações: esquerda e direita e vote direito, ou mais precisamente, nos candidatos que lhes inspire o maior grau de confiança, afinal de contas, como todos não são iguais, nem em honradez e nem em competência, ainda que o eleitor possa se valer do direito de não votar, jamais poderá abdicar do dever de votar.

A criminalização da nossa atividade desserve a nossa democracia e só empobrece a nossa Republica. Portanto, ao invés de criminalizá-la, precisamente melhorá-la, e esta melhora depende fundamentalmente do voto popular. Em qualquer democracia, e a nossa em particular, precisa de radicais mudanças na nossa legislação eleitoral e, sobretudo, do comportamento  dos nossos eleitores.

Estamos há menos de 90 dias para escolhermos os nossos representantes políticos e há tempo para que os nossos eleitores faças as melhores escolhas. A hora esta chegando para eliminar os cupins políticos…

 

Antônio Lara, articulista. E-mail: [email protected].

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