José F. Höfling
A aposentadoria é para muitas pessoas um momento de reflexão, e até mesmo de depressão, já que “de um dia para o outro” deixamos de fazer o que vínhamos fazendo após muitos anos de atividade. Para alguns, é motivo de muita alegria não precisar trabalhar mais e o que almejam é curtir o resto da vida, outros se perdem e não sabem o que fazer, se comportam como se não tivessem o que mais realizar nesse outro momento da vida, ou não soubessem, já que só souberam trabalhar durante esse tempo… e a impossibilidade de retornar ao mesmo lugar de trabalho por motivos vários, pode levar o indivíduo à um desequilíbrio mental, muitas vezes adquirindo hábitos “não saudáveis” como beber, fumar e até mesmo outras drogas. As reações são as mais diversas possíveis, levando a vários comportamentos… muitos que voltam a trabalhar, principalmente num País como o nosso, tem uma necessidade urgente de complementar os poucos rendimentos de uma aposentadoria irrisória que os impede de levar uma vida decente… esse parece ser o caso de uma boa parte de nossa população, infelizmente. Mas quero realçar, no entanto, aqueles que descobrem “que fazer outra coisa”, qualquer que seja, trabalho voluntário, retomar o que fazia mas num contexto diferente, num lugar diferente, preenchendo lacunas de falta de pessoal e tantos outros motivos, pode ser uma solução importante para “desaposentar” e preencher o vazio que permanece após a aposentadoria. As razões para entrar nas fileiras dos “desaposentados” variam, embora somente um quinto dos trabalhadores com mais de 65 anos arranje emprego por pura necessidade financeira. A maioria volta a trabalhar porque sente prazer no que faz… as estatísticas mostram que mais de 90% dos trabalhadores entre 65 e 74 anos estão felizes no emprego. Embora seja possível as gerações mais velhas e mais jovens competirem por empregos, tudo indica que empregos em meio expediente e determinados cargos, como os que envolvem mentoria, são mais adequados para trabalhadores mais velhos. No entanto, me parece que há benefícios mentais e físicos mais importantes que sustentam a idéia do aposentado buscar uma ocupação. Pesquisas em vários lugares desse planeta, tem demonstrado que os “desaposentados” apresentam mais mobilidade, se sentem mais saudáveis e demonstram mais qualidade de vida de que os colegas “aposentados”. Além disso ficam menos deprimidos e com a memória mais “afiada”, portanto, com menos deficiências. Um outro fator preponderante nisso tudo é a tentativa de “reativar” ou trazer à tona, comportamentos que faziam parte da satisfação e felicidade em tempos anteriores, tipo tocar um instrumento, praticar um esporte, pintar ou praticar marcenaria, etc., o que sem dúvida, nos proporcionaria mais alegria e satisfação de rever práticas e desejos suprimidos pela famosa “falta de tempo” consumido pelo trabalho de “suposta maior importância”. Muita gente, no entanto, não quer trabalhar ou não podem por motivos de saúde…tudo bem mas os que querem podem ainda contribuir bastante para si e para o coletivo. O que quer que venha a fazer após a aposentadoria, faça aquilo que lhe dê mais mobilidade, saúde e qualidade de vida… Carpe diem!
José F. Höfling, professor universitário