Alvaro Vargas
Jesus foi crucificado na sexta-feira que antecedeu a Páscoa judaica, em abril do ano 33 d.C. O desaparecimento de seu corpo físico, segundo alguns médiuns espíritas (Divaldo Franco e Chico Xavier), foi devido à desmaterialização de sua vestimenta carnal. O seu nascimento obedeceu às leis naturais, assim como a sua morte. Jesus não é Deus, mas nosso irmão maior, um espírito puro, responsável pela construção de nosso planeta, onde foi escolhido pelo Criador para ser o modelo e guia da humanidade. Após a sua crucificação, ele apareceu perto do sepulcro à Maria de Magdala (Marcos, 16:9-14). Segundo o apóstolo Paulo (Atos dos Apóstolos, 1:3), “Jesus apresentou-se, a seus seguidores, e deu-lhes provas indiscutíveis de que estava vivo, por um período de quarenta dias, falando-lhes acerca do Reino de Deus”. Embora alertados sobre o seu martírio (Mateus, 20:17-19), os discípulos consideravam improvável a ocorrência dessa tragédia, e ficaram desorientados, conforme foi previsto por Jesus: “Ainda esta noite, todos vós me abandonareis. Pois, assim está escrito, ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho serão afugentadas” (Mateus, 26:31).
Estudiosos sobre esse evento consideram que a “ressurreição” de Jesus Cristo originou um dos messas aparições consolidaram a crença na imortalidade da alma, permitindo aos primeiros cristãos difundir a sua mensagem da Boa-nova, mais sólidos fundamentos da fé cristã. O Mestre necessitava fortalecer a fé de seus seguidores. Os desafios que enfrentariam como divulgadores da nova doutrina condenada pelo sinédrio judaico, e mais tarde pelo império romano, implicavam no risco de prisão, tortura e assassinato, conforme ocorreu com muitos desses seguidores do Cristo. O martírio do Calvário seguiu um evento programado segundo os planos divinos, respeitando o livre arbítrio dos homens. Em diversos momentos, antes da sua morte, Jesus afirmou que seria necessário morrer, e ressuscitar no terceiro dia (Lucas, 24:46-48). Foi uma forma simples de se expressar, conforme as condições da época. A ciência explica a impossibilidade de ressuscitarmos um morto, salvo em condições específicas e quando se trata de uma morte biológica recente. Não foi o que aconteceu com Jesus, pois ele surgiu três dias após o seu falecimento. Uma vez expirada a vida orgânica, inicia-se a decomposição do corpo físico, conforme ocorre com todos os seres vivos. Entretanto, a Bíblia não está errada, desde que não seja interpretada apenas em seu aspecto literal. As limitações intelectuais e científicas do passado levaram os apóstolos a descreverem as aparições de Jesus, uma ressurreição, como se fosse a sua presença em corpo físico, o que não ocorreu.
O Espiritismo esclarece que Jesus de fato morreu na cruz, surgindo em corpo espiritual. Nesse processo, utilizou as energias dos apóstolos e do meio ambiente, materializando-se, inclusive, “podendo ser tocado pelos apóstolos” (Lucas, 24:36-43). Além dos apóstolos que presenciaram essas aparições do seu espírito, inúmeros seguidores tiveram essa oportunidade, entre eles os essênios, a única seita judaica que o reconheceu, como o enviado de Deus (A Grande Espera, Eurípedes Barsanulfo e Corina Novelino). Pelo grande número de adeptos, poderiam prestar um trabalho valoroso na divulgação da Boa-nova. Por essa razão, foi o primeiro grupo onde Jesus, ainda em vida, se revelou como o Messias (A Mensagem do Amor Imortal, cap. 23, Amélia Rodrigues e Divaldo Franco) e, após a sua morte física, visitou-os (Jesus Voltando, Shaolin e João Nunes Maia), evidenciando a vida após a vida. Eles aceitaram os ensinamentos de Jesus e se tornaram os seus divulgadores, uma das razões para essa seita ter sido extinta. Provavelmente, estiveram presentes na última aparição de Jesus na Galileia, entre os 500 adeptos, citado pelo apóstolo Paulo (1 Coríntios, 15:6). Nesse evento, o Mestre nazareno reiterou o convite aos que assistiram para “irem por todo mundo, pregando o evangelho a toda criatura” (Marcos 16.15).
Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo, presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita