“Prefeitos vagabundos”, declara Luciano Almeida em Rádio Oficial

José Osmir Bertazzoni

 

Dentre as escolas com as quais medi, há também a inesquecível como o Colégio João Conceição no Bairro da Paulista cujo diretor era Prof. Hélio Nehring. Admito que usei o verbo medir dada a dialética, por assim dizer, ligada que configurou minha relação escolar com a escolas públicas e o respeito e admiração que sempre tive com os professores, inspetores de aluno, servidores etc. Neste momento nasceu minha vontade de entrar para o serviço público, com 19 anos ingressei por concurso e trabalhei com os prefeitos Adilson Maluf, João Herrmann Neto, José Borghesi, Antônio Faganello, Antônio Carlos de Mendes Thame, José Machado, Humberto de Campos, Barjas Negri, Gabriel Ferrato e, por final, um prefeito “contratado” segundo manifestação do próprio filho do Comendador (Luciano Almeida) na Rádio Educativa FM cujo objetivo fundamental é de cunho cultural e educacional.
Lógico, em todos esses prefeitos tivemos problemas, principalmente a partir de 1988 quando se promulgou a Constituição Federal com autorização expressa autorizando o direito à livre sindicalização e o direito de greve dos servidores públicos, antes proibido pelos regimes ditatoriais.
Mas nunca tivemos um prefeito que vive do passado, quer seja em suas atitudes, sua fraca capacidade de diálogo e convivência humana, além da sua vaidade por ter nascido filho do Comendador. Nesta mesma entrevista na Rádio Educativa Luciano Almeida se referiu aos prefeitos anteriores todos como “VAGABUNDOS”, desonrando toda a história de construção da nossa cidade, hoje pujante em razão dos trabalhos pretéritos realizados por homens e mulheres incansáveis.
Transcrevemos “ipssis verbis” a manifestação do filho do Comendador o Lucianinho Almeida: “…As pessoas falam bobagens demais… Tem que ser eficiente sim. Chega de gestores vagabundos e que não sabem o que faz! Aqui tem que ter gestão, e é isso que a gente faz….Foi para isso que fui eleito… se não fosse para ser isso deixaria para gestor anterior. Eu fui eleito para ser eficiente sim. Cumprir lei. E é isso que eu faço. As pessoas têm que entender isso. Tem um monte de gente que estava acostumado com um modelo antigo, que lá tinha favorzinho… isso acabou! Agora o modelo é outro. As coisas são feitas com eficiência….”
O que falta ao Luciano Almeida não é somente a vontade de aprender, falta-lhe também a capacidade de se pronunciar sem discriminação de pobres, favelados, negros, sindicalistas e agora dos ex-prefeitos que passaram por Piracicaba e deixaram marcas na nossa história.
O absenteísmo intelectual arbitrário que tem assumido, denominações provinciais e dialetais. A Noiva da Colina, por seus servidores, obedientemente ao respeito com nossos cidadãos sacrificou-se durante a Pandemia da COVID-19 emprestando parte dos seus salários a Prefeitura Municipal com um congelamento de reposição das perdas inflacionárias por três anos consecutivos. Luciano Almeida quer devolver essa dívida em três anos, o que resultariam em seis anos de perdas e, consequentemente, a decisão pela Greve.
Lógico, os servidores não aceitaram e decidiram por defender seus interesses mesmo sabidos dos riscos de uma batalha tão tenebrosa, porém não tínhamos noção que enfrentaríamos o Senhor Leôncio (proprietário da Escrava Isaura), este com lamentável sangue escravocrata português.
Hoje, como efeito combinado e maldisposto da pandemia a falta de reconhecimento do Senhor Leôncio, sentado no aconchego social da sua origem em berço esplêndido rejeita o jogo sublime da aprendizagem, tornar-se um privilegiado “alegre”, um apaixonado de militância rebelde contra pobres, servidores, favelados, comunidades e sindicatos.
A greve não é rebelião, orientada pelo nosso ordenamento constitucional contra um evento cruel da natureza humana que é a exploração da mão de obra de homens e mulheres, cujas regras inelutáveis temos que respeitar mesmo na fúria das nossas decisões.
Os servidores não: não são culpados das imundices dos políticos despreparados, não só para a vida civil privada (onde amarguram dezenas de ações de recuperação judicial), mas na iniciativa pública onde fracassam a todos os dias investindo dinheiro público em serviços terceirizados ineficientes ou fraudulentos como a OSS da UPA do Piracicamirim em desacordo com o interesse público.
Por derradeiro vou anotar nestes alfarrábios a minha mais profunda tristeza pelos rumos políticos em que está tomando nosso país, estados e municípios com atitudes antidemocráticas e o fortalecimento do ódio em detrimento ao respeito e ao amor fraterno pregado por Jesus da Galiléia.
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José Osmir Bertazzoni (63), advogado, jornalista

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