Será que faltam áreas em distritos industriais em Piracicaba?

Barjas Negri

 

Um integrante da administração municipal, não identificado por uma matéria em um jornal da cidade, induziu a repórter a estampar uma manchete de que “falta de área em distritos industriais faz com que 34 empresas desistirem de montar seus negócios em Piracicaba”. O fato não corresponde à realidade.

Há 10 anos, o poder Executivo tem estimulado o setor privado a implantar distritos industriais para atrair novas empresas de pequeno e médio portes para Piracicaba ou auxiliar na transferência de suas instalações de áreas centrais com problemas, seja para ampliação ou de ordem ambiental.

Para quem conhece pouco a cidade ou tem dificuldades de analisar mais profundamente essa questão, provavelmente não sabe que a área do Distrito Industrial Uninoroeste, por exemplo, onde se localizam a C. J. do Brasil e a Lallemand Soluções Biológicas, possui área ampla e disponível para parcerias privadas para ampliação do distrito. Esse distrito tem infraestrutura: redes de água, gás, energia elétrica e fibra ótica e acesso asfaltado. Isso é necessário e está disponível para novos empreendimentos. Agora, o setor privado tem que investir e comercializar os lotes.

Em área contígua ao Uninorte I, praticamente todo ocupado, o setor privado implantou o Uninorte II, com toda infraestrutura necessária para novas indústrias. São 113 lotes em área de 136 mil m2 disponíveis para investimento. No local já tem 12 empresas em operação e muito lotes ainda vazios.

No Parque São Jorge, por exemplo, foi implantado o Distrito AlphaNorth em área industrial de 106 mil m2, como 249 pequenos lotes, que podem ser agrupados. Neste distrito já estão instaladas 40 empresas, tem 8 prédios para locação e 16 empresas estão construindo suas sedes. Há ainda estudos aprovados da viabilidade da implantação do AlphaNorth 2 em área contígua.

Perto do Unileste e a Rodovia Luiz de Queiroz, no antigo Anel Viário, está instalado o Centro Logístico de Piracicaba (CLP), com 68 mil m2 de construção para locação. No CLP já estão 7 empresas, sendo que a última foi instalada em 2020: a AGC Vidros do Brasil, que em apenas 45 dias montou seus equipamentos, empregando 56 trabalhadores e passou a fornecedor vidros para o Parque Automotivo.

Em nossa gestão como prefeito, uma parceria entre a Semdec (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico) e o Semae viabilizou uma área de 46 m2 que era utilizada pela Estação de Tratamento de Esgoto do Uninorte. Depois de muito trabalho e planejamento ficou disponível em função do Semae e da Águas do Mirante terem assumido o serviço de captação e tratamento de esgoto.

Pena que essa área só tenha sido descoberta apenas recentemente pela Semdectur (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo), aproveitando todos estudos e análises desenvolvidos pela nossa parceria com a Adinorte (Associação das Empresas do Distrito Industrial Uninorte de Piracicaba), que concordaram em passar a responsabilidade do tratamento do esgoto ao Semae/Águas do Mirante. Isso não foi por acaso, pois permite o atendimento entre 10 a 20 novas empresas, dependendo do seu tamanho.

Assim, áreas para indústrias novas em Piracicaba existem. O mercado é que vai determinar o seu valor, pois são particulares. A intenção da Prefeitura em relação a essa área do Semae era sua comercialização, para capitalizar recursos para novos investimentos da autarquia na redução das perdas físicas d´água.

Por último, não é demais lembrar que no Unileste há muitos lotes vagos e na estrada da Ceasa há uma área adquirida e paga com recursos da Prefeitura para a implantação do Distrito Industrial Unisul. Basta, agora, viabilizar a sua infraestrutura com recursos próprios, de financiamento ou até de parcerias para criar vários lotes. Um ano da atual administração já se passou e vamos ver se isso se concretiza em 2022.

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Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba

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