Alzheimer ou Mal de Alzheimer, ainda uma incógnita (Parte 1)

José F. Höfling

 

Embora não seja a minha área de atuação específica, tenho interesse em conhecer melhor essa doença e creio que o resto da população também… e o que tem chamado nossa atenção é o crescente número de casos desse mal, não escolhendo nem raça, idade ou gênero, embora esteja mais presente em idosos, apesar de afetar já muita gente jovem. Pequenos acenos de não saber onde colocou alguma coisa, o que vim fazer aqui… o que vim procurar mesmo? Já começam a nos preocupar. Essas histórias começam a nos preocupar e já achar que estamos com a tal do Alzheimer.

É preciso entender que pequenos acenos de perda de memória, confusão e desorientação são processos normais à medida que vamos envelhecendo e não, necessariamente, seja o início do processo que leva à doença de Alzheimer. É possível que essa doença seja mais antiga do que imaginamos… antigamente dizíamos que o fulano estava lelé da cuca ou esclerosado…é possível que já fosse o que hoje é denominado de mal de Alzheimer. Na verdade como esse assunto começou? Como chegamos ao conhecimento desta doença e de suas características que metem medo nas pessoas? É preciso entender antes de mais nada, que todo mundo esquece coisas, certo? Não tem nada de anormal.

Mas o tempo vai passando, e você percebe que está esquecendo um pouco mais… datas, compromissos e a água fervendo no fogão. É ruim mas não tão ruim, até que leva o primeiro susto…você começa a trocar algumas palavras ou está na rua e esquece o endereço de casa. Depois lembra…seu celular some e depois aparece no banheiro sem que você faça a menor ideia de como foi parar ali. Tenho uma experiência pessoal que me fez esquecer em que hotel estava hospedado quando ainda estava em um congresso e precisava voltar… demorei para lembrar… mas isso não é indício da doença e sim “falta de cuidado” como dizem por aí, pois fui a pé no local do congresso e depois voltei a pé… acabei lembrando… ufa! Poderíamos descrever aqui, dezenas e dezenas de acontecimentos que elucidam o que estamos tentando explicar, por exemplo, um dia olha para o seu cachorro e não sabe o seu nome, e aí vai…

A partir daí a coisa vai se complicando…Um dia vai tomar banho e aí você não se lembra onde está o banheiro… mas acaba achando e se tranquiliza mas o quê você estava fazendo ali mesmo? De repente seu cônjuge a chama e você abre e leva um susto porque não reconhece quem é… Quem é aquela pessoa? Que casa é essa? Aí a coisa enfeia. Preocupada, a sua família a leva em um médico que receita um ou dois remédios, que com o tempo não faz muita diferença. Mas os acontecimentos não só se repetem como se complicam com o tempo… está feito o estrago. Como veem, a doença é apavorante e pasmem… surpreendentemente comum correspondendo a 70% dos casos de demência e afeta 40 milhões de pessoas no mundo (um milhão e meio só no Brasil). Na verdade, as pesquisas demonstraram que o Alzheimer destrói as memórias guardadas no cérebro… vejam só… que tragédia! Supostamente isso ocorre em função do acúmulo de um tipo de “sujeira” (na verdade são placas de proteínas) que atrapalham a comunicação entre os milhões de neurônios, células que constituem a maior parte da estrutura de nosso cérebro e são responsáveis para armazenar e veicular as informações ou a nossa “memória” por todo o nosso cérebro.

Mas como tudo isso começou? Desde quando isso se configurou como uma doença importante e por quê recebeu esse nome? O que foi encontrado no cérebro dissecado pelos cientistas de alguém com a expressão clínica dessa doença e morreu? O que chamou a atenção que até hoje faz parte da atenção de médicos e pesquisadores? Isso é um assunto para o próximo capítulo da novela… que é longa… espero que tenham interesse… mas não se preocupem… irei resumir o máximo possível a fim de resguardar o interesse de vocês…

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José F. Höfling, biólogo e professor da Unicamp.

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