Max Pavanello
Desde o início da pandemia da Covid-19, assistimos um festival de trapalhadas do (des)governo federal, que mostram seu desprezo à vida.
O Presidente da República protagonizou uma série de atos e falas que demonstram, no mínimo, falta de empatia, e que são próprias de um ser humano desprezível, que não se importa com o próximo.
Tal comportamento não nos surpreendeu, pois antes de assumir a presidência já havia exaltado figuras nefastas da nossa história, como Brilhante Ustra, que se notabilizou por ser um dos principais agentes da ditadura militar, um notório torturador. Quem exalta Ustra, despreza a vida!
Fomos um dos países com maior número de mortes, já foram cerca de 620 mil irmãos e irmãs brasileiros que perderam a vida. Uma grande parte das mortes aconteceu no período que já havia vacinas, mas o Presidente criou inúmeros embaraços para a aquisição de vacinas, chegou até a desautorizar o ex-ministro Eduardo Pazuello, que havia anunciado negociações para aquisição de vacinas, em rede nacional.
O ex-ministro Eduardo Pazuello, constrangido, chegou a dizer que um manda outro obedece, e suspendeu as negociações. Resultado, saímos atrás, perdemos tempo, e o Brasil foi dos últimos países a iniciar a vacinação.
As trapalhadas não pararam por aí, o Plano Nacional de Vacinação inicial era falho, apresentava incongruências e só foi aprimorado graças à atuação firme do Supremo Tribunal Federal – STF, que foi provocado em inúmeras ações.
Agora, quando finalmente surge a vacinação para crianças de 05 a 12 anos, novas trapalhadas.
A Covid-19 é a doença prevenível com vacina que mais mata crianças no Brasil, só por isso, o início imediato da vacinação já deveria ser tratado como prioridade. Mas, apesar disso, assistimos o Presidente e seu Ministro da Saúde criarem todos os obstáculos possíveis para o início da vacinação.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, responsável pela aprovação, após análise técnica, do uso de vacinas no Brasil, aprovou a vacinação infantil em 16.12.21.
Após a aprovação, já vimos até o Presidente ameaçar revelar nomes e dados pessoais dos componentes da Anvisa, para sofrerem linchamento moral por parte de seus seguidores. Vimos o Presidente, sem base técnica, questionar a eficácia de vacinas. Ontem, 06.1.22, até a questionar a idoneidade dos membros da Anvisa, questionando quais seriam seus interesses.
Vale ressaltar que, órgãos reguladores de países sérios (EUA, Alemanha, Áustria, Bélgica, Croácia, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Itália, Portugal, Reino Unido, Suécia, dentre) também já aprovaram a vacinação.
Para tentar apoio para não oferecer a vacina para crianças, criou uma esdrúxula consulta pública, que foi amplamente criticada por especialistas, tanto por ser inoportuna, quanto pela falta de técnica. Ainda, no mesmo sentido, para tentar obter apoio para não vacinar crianças, promoveu audiência pública em 03.1.22.
Mas, ambas as tentativas frustraram suas intenções, o povo, na imensa maioria, quer vacinar seus filhos.
A audiência pública foi tão inoportuna, que a Anvisa se recusou a participar, pois sua análise foi baseada em critérios técnicos e científicos, e aspectos políticos tratados na audiência pública não tinham relevância.
Enfim, repetindo os funestos atos que atrasaram o início da vacinação em adultos, o (des)governo federal novamente atrasa o início da vacinação em crianças. Novamente mostra que não tem nenhum apreço à vida humana.
Que venham as vacinas para crianças com brevidade. Quem ama vacina!
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Max Pavanello, advogado, vice-presidente do PDT de Piracicaba e Conselheiro Estadual da OABSP.