Escola da Fé e do Amor

José Osmir Bertazzoni

 

Papa Francisco, direto da Basílica de São Pedro, antes da habitual bênção “Urbi et Orbi” e da fórmula de indulgência plenária introduzida pelo cardeal protodiácono Renato Raffaele Martino, como o chefe da Igreja Católica, fez uma revisão das áreas do mundo onde as guerras acontecem: “Pensemos no povo sírio, que há mais de uma década vive uma guerra que já causou muitas vítimas e um número incalculável de refugiados.” E novamente, com o foco no Oriente Médio: “Vamos olhar para o Iraque, que ainda está lutando para se levantar após um longo conflito. Ouçamos o grito das dez mil crianças do Iêmen mortas ou mutiladas desde que uma colisão militar, liderada pela Arábia Saudita, interveio, em março de 2015, depois do grupo Houthi, alinhado ao Irã, expulsar o governo do país, onde uma grande tragédia, esquecida por todos, desenrola-se há anos em silêncio, causando mortes todos os dias. Lembremos das contínuas tensões entre israelenses e palestinos, que se arrastam sem solução, com consequências sociais e políticas cada vez maiores”.

Listadas as várias áreas de conflitos, colocou-se a rezar também pelo povo afegão, o Papa enfocou as tensões entre Kiev e Moscou, para que “luz e apoio para aqueles que acreditam e trabalham, mesmo indo contra a corrente, a favor do encontro e do diálogo e não se espalhem pela Ucrânia”.

Em seguida, o Papa disse algumas palavras de apoio à comunidade cristã em Mianmar, que é frequentemente perseguida. “Ajudar a Etiópia a redescobrir o caminho da reconciliação e da paz por meio de uma discussão sincera que coloque as necessidades da população em primeiro lugar. Ouça o clamor do povo da região do Sahel. Volte seu olhar para os povos dos países do Norte da África que são atormentados por divisões, desemprego e disparidade econômica. Alivia o sofrimento de muitos irmãos e irmãs que sofrem com os conflitos internos no Sudão e no Sudão do Sul.”

Diante das 20.000 pessoas que se aglomeraram na Praça de São Pedro para receberem a bênção e a mensagem do Natal, o Papa lembrou que não se deve (referindo-se aos homens e às mulheres) permanecer “indiferente à situação dos migrantes, deslocados e refugiados. Seus olhos nos pedem que não nos afastemos, não neguemos a humanidade que nos une, que façamos nossas suas histórias e não esqueçamos suas tragédias.”

O Santo Papa Francisco criticou o silêncio com que a opinião pública enfrenta as guerras no mundo. “Ainda vemos tantos conflitos, crises e contradições. Eles parecem nunca ter fim e quase não percebemos mais. Estamos tão acostumados com isso que tragédias imensas agora são ignoradas. Corremos o risco de não ouvir o grito de dor e desespero de tantos de nossos irmãos e irmãs.”

Em sua mensagem o Papa não se esqueceu de mencionar os efeitos da pandemia da Covid-19 e das suas possíveis soluções. Logo, o Papa Francisco (Monsenhor Jorge Mario Bergoglio) dedicou grande parte de sua mensagem às consequências do Coronavírus, não só do ponto de vista da saúde: “Filho de Deus, consola as vítimas da violência contra as mulheres que avança neste tempo de pandemia. Ofereça esperança a crianças e adolescentes que são vítimas de bullying e abuso. Dá consolo e carinho aos idosos, principalmente aos que estão mais sozinhos. Dá serenidade e unidade às famílias, primeiro lugar da educação e base do tecido social”.

O Pontífice, então, no convite a encontrar soluções para superar a emergência sanitária, dirigiu uma crítica aos países ricos na distribuição de vacinas: “Deus conosco” — invocou o Papa — “torna generosos os corações, leva os cuidados necessários, especialmente as vacinas, às populações mais necessitadas. Recompense todos aqueles que mostram atenção e dedicação no cuidado dos familiares, dos enfermos e dos mais fracos”.

“Palavra eterna” — concluiu o pontífice — “de que se fez carne, torna-nos atentos à nossa casa comum, que também sofre com o abandono com que a tratamos com frequência, e estimula as autoridades políticas a encontrarem acordos eficazes para que as próximas gerações possam viver em um ambiente que respeite a vida. Caros irmãos e irmãs, muitas são as dificuldades do nosso tempo, mas a esperança é mais forte, porque “para nós nasceu um filho” – Isaías 9:5. Ele é a palavra de Deus e se tornou uma criança, capaz apenas de chorar e de tudo carente. Queria aprender a falar, como toda criança, para que aprendamos a escutar Deus nosso Pai, a escutar-nos e a dialogar como irmãos. Ó Cristo, nascido para nós, ensina-nos a caminhar contigo nos caminhos da paz!”.

Eu não imagino, conquanto declare pleno respeito e consideração, todas as denominações religiosas que sigam meus leitores, mas tenho certeza de que eles concordam plenamente com o resumo das palavras de Francisco; “Deus é conosco”. Encerro minhas primeiras linhas deste ano de 2022 desejando a todos um ano novo repleto de amor, paz, felicidades e trabalho, lembrando que prosperidade é resultado dos nossos esforços e não uma promessa a ser ungida, Deus é para todos.

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José Osmir Bertazzoni, jornalista, advogado

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