É de conhecimento do uma grande parcela da sociedade piracicabana que o Carnaval de Rua, é uma vitória da sociedade civil, dos cordões, dos blocos organizados, das pessoas que tem o desejo de ocupar a cidade e de realizar a maior festa popular brasileira!
Faz alguns anos que um grupo de representantes destas manifestações culturais tem se debruçado nestas questões e provocado o Poder Público para a necessária construção e estruturação do Carnaval de Cordões e Blocos como uma política pública na cidade!
A vertente dos cordões e blocos é atualmente uma das mais importantes, ou a mais popular e democrática opção para a maior parte da população, de participar e brincar o carnaval de maneira justa, ocupando as ruas e os espaços públicos e vivenciando a Cultura como um direito fundamental. Portanto, registramos o descontentamento e consideramos extremamente infundada a manifestação do Prefeito Luciano Almeida em live que foi ao ar no dia 2 de dezembro, por uma triste coincidência, Dia Nacional do Samba, de que em Piracicaba há muito tempo não tem carnaval!
De fato, Piracicaba não conta há alguns anos com o desfile das Escolas de Samba, por diversos problemas que não caberá a este espaço discutir. No entanto, o Carnaval de Rua dos Cordões e Blocos está sim nas ruas, realizando desfiles, cortejos numerosos e com muita, mas muita qualidade! Na ocasião, o Prefeito se referiu aos blocos já tradicionais na cidade como “bloquinhos”. Essa fala demonstra um grande desconhecimento e desrespeito com a história e o trabalho que vem sendo construído há anos!
Essa organização, a partir de um Coletivo de Cordões, Blocos e Manifestações da Cultura Popular certamente contribuiu para o crescimento desse movimento, na ocupação de mais espaço e mais força política e junto ao poder público. Temos buscado junto ao poder público um maior diálogo, mas sempre vão existir desafios e necessidades de aprimoramento.
Neste sentido foi proposto e constituído uma Comissão de Análise e Organização do Carnaval, grupo oficial, constituído com o objetivo de subsidiar, dialogar e contribuir na organização de um perfil e de uma programação do carnaval. A seguinte Comissão foi instituída a partir da Portaria 60 da Secretaria de Ação Cultural – SEMAC/Prefeitura Municipal e é composta por representantes dos blocos e cordões, das Escolas de Samba e da Prefeitura. A mesma é formada por 13 integrantes, sendo: Rosemeire Calixto Massaruto, Rita de Cassia Puerta Ferreira, Antonio Sergio Mariano Setten, José Antonio Pereira Franco (representando o poder público), Pablo Carajol Delvage, Natalia Puke, Márcio Eduardo Biscalchim, Marcos Antonio Azevedo de Souza (representantes dos Blocos e Cordões) e Paulo Henrique da Silva, Ricardo José Samprogna, Cássio Marcelo Silveira, Wilson José Berto e Carlos Roberto Crivellari (representantes das Escolas de Samba).
Nesta manifestação do dia 2, o Prefeito Luciano Almeida, em nenhum momento citou ou fez referência ao trabalho desenvolvido pela Comissão, nem mesmo em respeito à importância da participação dos cargos comissionados que nesta Comissão representam o próprio governo municipal.
De nossa parte, deste Coletivo de Cordões, Blocos e Manifestações da Cultura Popular, lutamos por um Carnaval amplo, com o apoio e estrutura em todos os lugares. Defendemos um Carnaval livre, democrático, descentralizado e gratuito! Livre, porque nós entendemos que todas as pessoas, grupos de amigos, coletivos têm o direito de ter um bloco.
Democrático, porque não existe área vip, abadá, camarote e nem privatização do espaço público. Descentralizado porque pode ocorrer e ser estimulado em diferentes regiões da cidade. E gratuito, porque como política pública, deve contar com a estrutura e o apoio por parte da Prefeitura Municipal.
Isto colocado, o Coletivo de Cordões, Blocos e Manifestações da Cultura Popular reafirma que tem um projeto de carnaval de rua que se iniciou há cerca de 15 anos e tem sistematicamente ampliado a sua importância e abrangência, tanto em parcerias, apoios, adesões, como no aumento qualitativo do número de cordões e blocos, como da multiplicação da população que participa e desfruta desta Festa Popular do Carnaval, dos desfiles, cortejos e atividades. O trabalho destes grupos valoriza a cultura afro#indígena e caipira da cidade, os artistas e representantes da cultura local, possibilitando o acesso e a difusão dos elementos identitários das tradições brasileiras e piracicabanas. Além disso, as manifestações destes grupos permitem uma ampla celebração de alegria, fraternidade e comunhão, reunindo públicos diversos com o único objetivo de brincar o carnaval.
Neste sentido, reafirmamos a urgência e a prioridade de neste momento firmarmos a parceria e os esforços da Comissão de Análise e Organização do Carnaval, do apoio e da necessária estrutura por parte do Poder Público para que sejam garantidos os recursos destinados ao carnaval, conforme o orçamento da Prefeitura, garantindo maior valorização e qualidade artística e cultural, apoio à retomada do turismo e os serviços diretos e indiretos gerados, estrutura e presença do poder público nos equipamentos de cultura para a população, apoio e articulação com as forças de segurança, visando amparar uma estrutura de segurança comunitária para a sociedade. Estes fatores e diretrizes são imprescindíveis!
Devido à pandemia da Covid 19, que já prejudicou toda a sociedade de forma catastrófica e que ainda gera grandes preocupações, nós do Coletivo de Cordões, Blocos e Manifestações da Cultura Popular concordamos com a suspensão do carnaval presencial e sem o controle de público e neste sentido apresentaremos à Comissão de Acompanhamento e Organização do Carnaval a proposta de realização de um formato semipresencial a ser discutido e construído coletivamente, garantindo maior segurança da população com relação aos protocolos sanitários.
Acerca destes apontamentos, é imprescindível construir através do Edital de Chamamento em andamento, um processo de valorização do Carnaval e de participação dos coletivos na construção democrática desta política pública.
_______
Coletivo de Cordões, Blocos e Manifestações da Cultura Popular