Núcleo afro do PT e o nosso  tokenismo de cada dia

 

Ronaldo Almeida Sango

A minha bênção indistintamente a todos, todas e todos, que os Orixás possam sempre nos abençoar com muita saúde e alegria.
Há algumas semanas durante uma roda de conversa organizada pela Executiva do Partido dos Trabalhadores com a organização da Secretaria de Combate ao Racismo e a Secretaria Gera da qual estou à frente, discutimos formas e maneiras de combater a intolerância religiosa, que infelizmente se faz cada vez mais presente nas nossas comunidades de Umbanda e Candomblé.
Primeiro é importante dizer do orgulho de se discutir esse tema em um partido político, sinal do amadurecimento da sua direção na luta diária que seus militantes têm por um estado verdadeiramente laico e com uma liberdade religiosa plena e democrática.
É preciso encontrar maneiras para o enfrentamento do aumento considerável de ataques a terreiros e religiosos de umbanda e candomblé, mesmo aqueles que muitas das vezes permanecem  apenas no campo da hostilidade. Os religiosos de matriz africana precisam entender da necessidade de participar da vida política, partidária ou não, da sua comunidade, do seu bairro, da sua Cidade, Estado e do seu País.
Mas, voltando a roda de conversa, a avaliação em que pese ser por cima de um tema triste e complexo de se discutir, foi com um saldo extremamente positivo, 12 doze religiosos de matriz africana fizeram a sua filiação ao diretório municipal do partido e ainda estamos a conversar com outros religiosos para podermos fortalecer esse time de axé, para juntos, discutirmos, pensarmos coletivamente políticas públicas ao povo de terreiro, sobre o olhar do Partido dos Trabalhadores.
A reativação do Núcleo Afro do PT Piracicaba vem de encontro com a necessidade de pensarmos juntes, como, de que forma enquanto militantes partidários e de religiões africanas podemos colaborar com demais irmãos de matriz africana, que muita das vezes não tem a quem recorrer por um direito violado ou um ataque sofrido.
Mas é preciso tomar muito cuidado e romper com o “tokenismo” — do inglês “Token” que significa símbolo, por sua vez trazendo para o assunto, uma falsa luta simbólica para momentaneamente dizer que faz parte do movimento e que contribui. Precisamos de democratas e progressistas que tenha de fato a sensibilidade de lutar lado a lado pela liberdade religiosa, sem oportunismo, sem sectarismo, é preciso que, principalmente filiados e filiadas do Partido preze por isso, caso contrário não vai passar de uma disputa rasa, oportunista e demagógica que de fato vai deixar transparente a falta de companheirismo petista que foi sempre o norte dado desde o começo da minha militância partidária em meados de 1999.
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Ronaldo Almeida Sango, religioso de matriz africana, membro fundador do Núcleo AFRO do diretório do Partido dos Trabalhadores (PT) de Piracicaba

 

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