Natalia Mondoni
Setembro. Mal nos demos conta e, mais uma vez, nos deparamos com um ano que está quase, quase ao seu findar. E, com isso, é inevitável pensarmos em situações que gostaríamos de ter realizado, ou seja, que ainda temos a esperança viva em nós de avançarmos. Às vezes, ainda, passamos o ano todo buscando e trabalhando por oportunidades e possibilidades que parecem ser a solução de muitos de nossos problemas, ou, ainda, a nossa realização em muitos aspectos: metas profissionais, cuidados com a saúde, atenção à nossa intelectualidade, mudanças de hábitos e comportamentos, relacionar-se melhor…esta lista pode ser quase interminável, não? Mas, o que vemos muitas vezes é que, quando estamos diante das possibilidades reais das mais diversas realizações, nós acabamos nos vendo numa encruzilhada curiosa (e sofrida): quero, realmente, mudar? Consigo, de fato, encarar esta possibilidade como algo que me transforma, ou prefiro continuar onde estou?
Esses questionamentos acontecem, principalmente, por conta do nosso lado natural e humano: somos resistentes às mudanças, apesar de desejá-las e vê-las como algo importante e necessário. Os ventos das mudanças nos trazem medo e dúvidas: Como será? O que acontecerá? O que farei? E medo, obviamente, pois saímos do lugar que conhecemos, por pior que ele possa parecer, para irmos ao encontro de algo desconhecido, como falamos anteriormente. É como se parecesse muito estranho que, por mais que reclamemos de alguma situação da nossa vida, queiramos continuar ali, pois não sabemos fazer diferente. Ou melhor: temos receio de como faremos, do que acontecerá, dos impactos que esta mudança trará. Então, ficamos nesta contradição: queremos a possibilidade como meio de mudança, mas passamos a temê-la, exatamente pela consequência – mudança – que ela poderá nos trazer. Para irmos adiante, é necessário, então, questionarmos sinceramente – e com a lente da coragem e realidade – os ônus e os bônus que a possibilidade da mudança me trará. Será algo bom, mesmo me causando um desconforto imediato, mas que também é momentâneo? Quais as lições que posso tirar desta situação? Por que não posso nem cogitar a ideia de ter uma situação de que não estou no controle, como estou acostumado? O que de pior pode acontecer, diante desta possibilidade?
Portanto, talvez seja importante pensarmos que o primeiro passo a ser dado pode ser o mais difícil, mas se entendemos que as possibilidades são uma fonte real de mudanças e do quanto precisamos delas, decidimos ir em diante, mesmo temendo. Nos revestimos de todas as experiências anteriores de superação que já tivemos em nossas vidas e reunimos o que há de melhor em nós, para nos darmos esta chance, para corrermos o risco. Afinal de contas, a vida é também sobre correr riscos. E o que é possibilidade, muitas vezes, é um presente esperando para ser aberto: só saberemos se vamos apreciá-lo, se de fato o abrirmos.
Vamos juntos? Com carinho,
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Natalia Mondoni, psicologa