A Cultura na mira do Legislativo

José Osmir Bertazzoni

 

Karl Marx nascido na Prússia (hoje Alemanha), em 05 de outubro de 1818, foi um filósofo, sociólogo, historiador, economista, jornalista e revolucionário socialista. Passou grande parte de sua vida em Londres, no Reino Unido. A obra de Marx em economia estabeleceu a base para muitos dos entendimentos atuais sobre o trabalho e sua relação com o capital, além do pensamento econômico.

Chamamos a atenção sobre as teorias de Marx  a respeito da sociedade, na economia e na política — a compreensão coletiva do que é conhecido como o marxismo — asseveram que as sociedades humanas progridem transversalmente da luta de classes — um conflito entre uma classe social que controla os meios de produção e a classe trabalhadora, que fornece a mão de obra para a produção — enaltece que o Estado foi criado para proteger interesses da classe dominante, concluindo que para convencer os trabalhadores é apresentado como um instrumento que representa o interesse comum de todos.

Vladimir Ilyich Ulianov, mais conhecido pelo pseudônimo Lenin ou Lenine,  foi um revolucionário comunista, político e teórico político russo, nascido em 22 de abril de 1870 e falecido em 21 de janeiro de 1924. Lenin serviu como chefe de governo da Rússia Soviética de 1917 até sua morte. Sob sua administração a Rússia e em seguida a União Soviética tornaram-se um Estado socialista unipartidário governado pelo Partido Comunista (PCUS). Ideologicamente marxista, suas teorias políticas são conhecidas como leninismo.

Lenin nasceu de uma família de classe média alta, interessou-se por políticas socialistas revolucionárias após a execução de seu irmão em 1887. Expulso da Universidade Imperial por participar de protestos contra o regime czarista do Império Russo, nos anos seguintes graduou-se em direito. Em 1893, mudou-se para São Petersburgo e tornou-se uma figura importante do Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR).

Em 1897, foi preso por sedição e exilado por três anos. Após seu exílio, mudou-se para a Europa Ocidental.

Em Piracicaba, Estado de São Paulo, Brasil, um vereador, em sua patética e burlesca performance prostando-se e autoproclamando-se conservador, defendeu o ato do presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, que em nota afirmou que “todas as obras que corrompem a Fundação Palmares serão excluídas, nesta sexta-feira, 11. Um livramento”, afirmou Camargo em seu Twitter”.

Em contraponto e protesto à atitude “neuronazifascista” do presidente da Fundação Palmares, vereadora Silvia Morales colocou em plenário para votação uma moção de repúdio a Sergio Camargo. No entanto, a justa apresentação da moção da vereadora foi abortada com discursos jocosos de vereadores que se declaram de extrema direita e liberais. O vereador defensor apaixonado do governo Bolsonaro afirmou que “alguém indicasse um único livro que Lenin e Max escreveram sobre os negros e sobre os escravos nas Américas”.

Outro vereador, sugerindo-se intelectual, com ar de surpresa, segue a mesma linha e responde: “… é mesmo! Sabe que o Senhor tem razão! Já li muitos livros, mas nunca vi nenhuma obra deles sobre escravidão…”

Desta forma, temos que partir da premissa que em 2020 foi a marca do 400 aniversários da chegada dos primeiros africanos escravizados à Virgínia, Estados Unidos, embora esse evento funesto esteja sendo atualmente discutido de maneiras profundas e penetrantes, poucos na grande mídia estão dando atenção para o caráter particularmente capitalista da forma moderna de escravidão do Novo Mundo – um tema que atravessa a crítica ao capital de Marx e suas extensas discussões sobre capitalismo e escravidão.

Marx não via a escravização em larga escala (lógico, ele e Lenin, estavam na Europa, em países contrários ao escravagismo e longe da escravidão do povo africano). A escravidão do povo negro deu-se no início do século XVI no Caribe, como uma repetição da escravidão Romana e Árabe. Mas, com algumas mudanças, ela combinava formas antigas de brutalidade com a forma genuinamente moderna de produção de valor, a escravidão, escreveu Marx, em um rascunho de “O Capital”, atinge sua forma mais odiosa… em uma situação de produção capitalista”, na qual “o valor de troca se torna o elemento determinante da produção”. Isso leva à extensão da jornada de trabalho além de qualquer limite, fazendo pessoas escravizadas literalmente trabalharem até a morte.

Seja na América do Sul, no Caribe ou nas plantations do sul dos Estados Unidos, a escravidão não era um elemento periférico, mas central do capitalismo. Como o jovem Marx teorizou essa relação em 1846 em “A miséria da filosofia”, dois anos antes do Manifesto Comunista.

Posto isso, tanto o satírico vereador conservador e o “intelectual” surpreso, literalmente não leram nem Marx e muito menos estudaram Lenin.

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José Osmir Bertazzoni, jornalista e advogado

 

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