Ecotrabalhismo

Vagner A. de Nicolai Hernandez

 

Constituímos nosso grupo, o Ecotrabalhismo, em Piracicaba. Gostaríamos de discutir um pouco das ideias que norteiam nossos esforços. Nesse momento nos permitimos uma dúvida ou pelo menos uma quebra de regras ao considerar a hierarquia das temáticas. Somos um partido político e o trabalhismo é nossa opção. Ao mesmo tempo nosso grupo de trabalho é dedicado a temática ambiental. Então somos trabalhistas abordando a temática ambiental, porém é grande a tentação de assumirmos a postura de ambientalistas atuando politicamente.

Na prática, as duas correntes se constituem muito próximas historicamente e podemos dizer que surgem de movimentos sociais afins. Primeiro o trabalhismo que se propõe ideológica e politicamente a cuidar dos interesses econômicos e políticos dos trabalhadores e de seus dirigentes. Depois a temática ambiental que, na esteira de todo desenvolvimento industrial e considerando as condições socioambientais não só dos trabalhadores mas de toda população, começa a chamar atenção para mudanças necessárias para promover qualidade de vida.

O trabalhismo se consolida em meados do século XIX, a partir dos movimentos sindicais britânicos (Trade Unions). Inicialmente eram grupos de pressão, ou seja, autênticos movimentos sociais que depois passaram à atividade política. É válido dizer que os sindicatos eram a base do Partido Trabalhista na Inglaterra. Esse é o contexto que se espera quando há verdadeira mobilização social: pressão social gerando representação política. Por outro lado, no caso da Alemanha (Partido Socialdemocrata) e dos Partidos Comunistas houve uma inversão no movimento: a iniciativa de mobilização era dos partidos políticos que então era transmitida aos sindicatos.

Essa inversão nos papéis ocorreu no Brasil quando se analisa o surgimento da temática ambiental entre nós. Enquanto nos países desenvolvidos (primeiro mundo) havia movimentos sociais pressionando seus governos a olharem para o meio ambiente, no Brasil foi o próprio governo que enviou representantes às mesas de negociação dos encontros internacionais e depois induziu o surgimento dos movimentos sociais por aqui.

O estabelecimento do trabalhismo em terras brasileiras foi um pouco mais sincero. Teóricos como Alberto Pasqualini e Santiago Dantas se apoiavam no solidarismo católico e consideravam que todo lucro deve corresponder a um ganho social. Liberdade e solidariedade foram valores fundamentais para proporem uma sociedade que promove transformações sociais pela mudança de mentalidade fruto de política de educação pública. Vale lembrar o papel do movimento tenentista dos anos 1920 que pedia voto secreto, voto das mulheres e reformas educacionais.

Ou seja, quando o trabalhismo surge oficialmente, em 1948, já havia uma base sólida para as propostas defendidas e depois assumidas por Vargas. Esse contexto permitiu as críticas ao Varguismo e, nas décadas de 1950 e 1960, possibilitou ao trabalhismo ser a vertente à esquerda moderada que atraiu os que não se identificavam com a direita e nem com o comunismo.

Historicamente, esta opção dos trabalhistas em renunciar à perspectiva de uma revolução proletária e assentar-se na moderação possibilitou que se apresentasse como um “caminho do meio” capaz de gerar justiça social e melhoras das condições dos trabalhadores. Hoje, esta mesma opção nos permite desenvolver o Ecotrabalhismo com propostas viáveis que possibilitem aos vários atores sociais dialogarem. Abordar os conflitos socioambientais de nossa sociedade buscando envolver atores sociais representantes dos diversos grupos de interesses e gerar propostas sustentáveis; essa é nossa proposta.

Conscientes do quão tardia foi a introdução das questões relacionadas ao meio ambiente em nossa sociedade, temos o compromisso em promover a Educação Ambiental tanto nos âmbitos formais como inseri-la nos mais diversos meios e contextos possíveis. Discutir os conflitos socioambientais e propor alternativas sustentáveis aos modelos tradicionais de produção, buscando a geração de renda e de qualidade de vida. Estes são nossos propósitos.

Tive a honra ser nomeado o presidente do Ecotrabalhimo do PDT de Piracicaba e terei ao meu lado os companheiros Dario Bárbaro de Almeida, Guilherme Guimarães Giacomin, Gedson Luis de Camargo e Marcos Roberto Corrêa Camargo.

O presidente estadual do Ecotrabalhismo Paulista, Iberê Moreno Rosário e Barros, declarou que “Ecotrabalhismo Paulista se alegra com a nova comissão formada!.” E, acrescentou:

“Piracicaba, a partir de hoje, conta com um movimento socioambiental conectado com as melhores práticas e ideias que existem em todo o mundo. Buscando colocar em ação os projetos que a cidade precisa, o Ecotrabalhismo Piracicabano buscará caminhos para uma produção agrícola que seja ambientalmente e socialmente justa, construindo uma cidade que dê orgulho a toda população.

Essa mobilização mostra a todo estado de São Paulo a consciência que o PDT de Piracicaba tem sobre as mudanças climáticas. O planeta já está demonstrando os efeitos de anos e anos de exploração. Devemos não apenas lamentar os danos, mas buscar como reverter esses desastres. Esse caminho é claro para nós!

Apenas com inovação e geração de empregos poderemos ter vitórias nesse combate. Com uma agenda de empregos verdes, alinhando capacitação, investimento, geração de renda e regeneração ambiental teremos um Brasil potente e produtivo, soberano e justo.

Sabemos que nossos militantes piracicabanos estão conosco nessa caminhada. É na luta por mais empregos verdes que o Ecotrabalhismo Paulista felicita o povo de Piracicaba por essa conquista.”

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Vagner Aparecido de Nicolai Hernandez, professor e presidente do Ecotrabalhismo em Piracicaba

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