José F. Höfling
A pergunta é: nossos desejos pessoais devem se sobrepor ao coletivo? Do conceito de democracia depreende-se um governo em que o povo exerce a soberania do estado com os seus vários desdobramentos, inclusive respeito à sua vontade própria e livre expressão. Em que momento e em quais circunstâncias isso se dá? Veremos… Por outro lado temos o conceito de coletividade, cuja força maior do desejo tem que respeitar antes de mais nada, a decisão do coletivo, principalmente porque não vivemos sozinho e sim em uma sociedade cujo comportamento individual tem implicações coletivas em uma sociedade que tem regras sociais claras, inclusive de limitações individuais…aquela coisa…a sua liberdade vai até o ponto de não interferir na minha. Tudo isso pra dizer que é preciso pensar bem quando se acha que o que vale é a minha vontade e que se dane os outros. Um exemplo gritante disso tem sido observado nessa pandemia, onde desejos próprios querem se sobrepor ao coletivo quando por exemplo alguns teimam em não usar máscara de proteção própria mas também de respeito ao próximo…aglomeram-se em festas e reuniões independente das restrições impostas ao coletivo, se dão ao luxo de não querer ser vacinados por nenhuma vacina, alguns tomam a primeira dose mas não vão ao encontro da segunda quando lhes é facultada, e outros se dão ao luxo de “escolher”…o chamado (sommelier) que vacina tomar desdenhando o esforço alheio e dos governos estaduais na luta contra essa doença mortal.
Como vamos encarar isso? Como ignorância, desrespeito às instituições, arrogância, falta de educação e respeito aos outros…talvez tudo isso…sem contar com o fato de que não temos estímulo de certos governos, inclusive negando a participação de cada um em detrimento de um bem maior. Como ficamos? Queremos ser e se comportar como um povo educado, respeitoso dos direitos coletivos de consequências maiores para o bem de uma nação ou uma “republica de banana” onde cada um faz o que quer e que dane o próximo… façamos uma escolha certa para o bem maior de todos, tendo em mente que o que fizermos hoje repercutirá no amanhã de nossos filhos e netos. Que sociedade queremos para eles num futuro próximo?
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José F. Höfling, professor da Fop/Unicamp