Barjas Negri
Tenho acompanhado o debate sobre a necessidade “de dar ao Engenho Central um novo papel dentro da cultura local”. Esse debate é bom e pode permitir novos avanços. No entanto, deve-se ter em mente toda conquista dos últimos 20 anos, que tornou o Engenho um grande centro cultural, social e turístico.
Vale mencionar o esforço para transformá-lo num órgão público, resolvendo sua pendência jurídica, com o pagamento pela Prefeitura de Piracicaba de mais de R$ 25 milhões em precatórios. Isso ocorreu na nossa gestão, o que permite afirmar que agora o Engenho Central pertence efetivamente à sociedade piracicabana.
Um investimento importante de valorização foi sugestão do arquiteto Paulo Mendes da Rocha, ao propor prioridade na instalação de 20 mil m2 de piso intertravado, mais o aterramento do cabeamento telefônico e, ainda, das instalações elétricas, redes de iluminação, de águas pluviais e o sistema de drenagem. Com tudo isso executado, o Engenho Central ampliou sua frequência de visitação, principalmente nos finais de semana, e tornou-se palco de inúmeros e importantes eventos anuais, uma vez que haviam sido solucionadas as limitações de mobilidade.
A partir daí, foram realizados outros investimentos na restauração de barracões, como aquele que homenageia o cartunista Henfil e onde acontece anualmente a exposição do Salão Internacional do Humor, além do barracão 14A, que fica em frente à Ponte Pênsil, também reformado e abriga o Centro Nacional de Humor Gráfico, com exposições permanentes do seu acervo.
Um outro espaço recuperado sedia o núcleo inicial do Museu da Cana de Açúcar. Também restauramos o Armazém 6A, B e C, que deu origem ao segundo teatro municipal público – Erotides de Campos, onde antes era uma destilaria de álcool. Esse novo teatro comporta 440 pessoas e na sua implantação foi preservada toda arquitetura original, incorporando tecnologia de alta qualidade para oferecer acomodações e acústica de excelência, tornando-o um dos melhores teatros dos grandes centros urbanos do Brasil.
A tarefa de ampliar investimentos dentro do Engenho Central e dar novos contornos à cultura e outras atividades, é bastante expressiva que ainda vai ultrapassar várias administrações. Chegamos até aqui com o reconhecimento de sua importância histórica e cultural com o auxílio e esforço de governos anteriores.
Participação popular, ouvir a sociedade e as entidades envolvidas sempre pode trazer bons resultados e, temos certeza que, passados os efeitos da pandemia, o Engenho Central voltará a ser muito utilizado com projetos sociais, a realização da Festa das Nações, da Paixão de Cristo, do Carnaval, da Virada Cultural, do Festival Paulista de Circo, shows com artistas locais e nacionais, além de eventos tradicionais como AfroPira, Festas Mineira e Nordestina, Kultura Kuston, Festa do Sorvete e do Peixe, Encontro de Motos (Scooters), feiras de artesanato e tantos outros.
Que, com novas ideias e novos investimentos, o Engenho Central avance ainda mais em sua vocação de palco para cultura, lazer e turismo, mas com propostas concretas e não apenas com cartas de intenção como foi o Museu do Riso que, embora importante, não saiu do papel. Oxalá possa ser implementado nos próximos anos. Espaço e barracões para serem restaurados e recuperados há muitos, assim como formas de utilizá-los com maior oferta de atividades para o bem da população de Piracicaba e região.
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Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba