
De forma gratuita, dezenas de pessoas puderam aprender como prestar atendimento a pessoas surdas ou com deficiência auditiva que procuram serviços de saúde. Em oficina promovida pela Escola do Legislativo, da Câmara Municipal de Piracicaba, na tarde desta terça-feira (1º), a professora Rebeca Fialho Mianiezzo da Silva forneceu uma formação básica para quem busca qualificação na área.
Aberta pelo vereador Pedro Kawai (PSDB), coordenador da Escola do Legislativo, a atividade foi realizada de maneira remota, por meio da plataforma virtual Zoom, e transmitida simultaneamente pelo YouTube. Rebeca fez uso, em todo o tempo, de libras (língua brasileira de sinais) para se comunicar com os alunos inscritos, que responderam às interações do mesmo modo, por vídeo e com os microfones desligados.
Nas telas apresentadas aos participantes da oficina, a professora, que integra a Comissão de Psicologia em Libras e é psicoterapeuta para surdos e ouvintes, orientou sobre como deve ser o atendimento prestado por profissionais da saúde a esse público. A primeira dica é avisá-lo sobre seu grau de conhecimento em libras. “Nunca diga que você sabe libras, pois eles vão entender que você já sabe conversar em libras”, reforçou Rebeca.
“Mesmo não sabendo muito bem, avise que você está aprendendo, pois eles têm paciência. Não fique nervoso, sinalize calmamente e, se for necessário, repita novamente. Nem todos os surdos sabem a leitura labial, então você pode expressar-se com o rosto, junto com a libras”, completou a professora, reiterando que é com o estudo contínuo que se alcança a prática na língua.
Rebeca chamou a atenção para o fato de que nunca se deve falar alto, gritar ou gesticular exageradamente, uma vez que isso é repelido pelas pessoas surdas ou com deficiência auditiva. “Eles detestam”, afirmou, acrescentando que “cumprimentos e saudações são fundamentais para iniciar a conversa”. “Envolva-se e comunique-se com eles: ‘Oi, tudo bem?’, ‘O que aconteceu?’, ‘Posso te ajudar?'”, exemplificou.
“Receba o paciente com uma saudação em libras e verifique com ele qual a melhor maneira de se comunicar: se chamando o intérprete, se por leitura labial, se por notas escritas ou se pelo uso de libras. Verifique, também, se a luz não está atrapalhando a visão do paciente, já que ele deve se posicionar de maneira que possa visualizar o profissional de saúde e o intérprete. Durante o atendimento, dirija-se ao paciente surdo e não ao intérprete. Converse devagar, com vocábulo mais acessível, e utilize material de apoio visual”, recomendou.
A professora destacou, ainda, a importância do alfabeto e dos números em libras para comunicar, por exemplo, o nome de um remédio ou a aferição da pressão arterial, uma vez que “nem sempre existe sinal para todas as palavras”. Ela observou, também, o papel cumprido pelas expressões faciais ao manifestarem intensidade e colocações afirmativas, interrogativas, exclamativas ou negativas.