Pedro Kawai
A iminência de uma terceira onda da Covid-19 e, a recente descoberta da variante indiana do vírus, agravam a situação, já caótica, do enfrentamento da doença no Brasil.
Não bastassem os baixos índices de vacinação registrados em maio que, segundo o que já se divulgou, caíram 17% em relação ao mês de abril, por falta de insumos, vivemos o drama do não comparecimento de aproximadamente 30% dos piracicabanos para receberem a segunda dose da vacina e garantir a efetividade da imunização. Como explicar esse fenômeno? O que dizer aos milhares de cidadãos que aguardam ansiosamente pela sua vez? Vamos desperdiçar essas doses? O que a prefeitura deveria fazer, já que conhece quem são essas pessoas, onde elas moram e possui mais dados registrados pelo “vacinapira”?
Para agravar ainda mais a situação em nossa cidade, não é incomum ler notícias de estabelecimentos desrespeitando as medidas sanitárias; jovens irresponsáveis frequentando festas clandestinas; pessoas transitando pelas ruas da cidade sem máscaras, e outras demonstrações de falta de respeito ao próximo e às leis criadas para punir os que atentam contra a vida alheia.
Não é necessário comentar sobre o negacionismo ou a defesa de falsos tratamentos, pois penso que, embora ainda haja quem acredite nisso, o assunto já foi amplamente debatido pela sociedade. Porém, quando alguém se recusa a usar máscara publicamente, e não retorna para receber a segunda dose da vacina, não está apenas se expondo ao risco, mas colocando outras pessoas sob a ameaça fatal desse vírus.
É sempre bom lembrar que, apesar de todas as pesquisas já realizadas, de todo acúmulo científico sobre a Covid-19, ainda não se sabe exatamente como o novo Coronavírus se comporta entre as pessoas, razão pela qual uns nem se dão conta que tiveram a doença e outros chegaram próximos da fronteira entre a vida e a morte.
Com a aproximação do inverno e o afrouxamento da quarentena, uma terceira onda provavelmente nos atingirá, vitimando ainda mais pessoas. Recentemente, descobriu-se uma nova variante, mais resistente e altamente transmissível, já denominada pela Sociedade Brasileira de Virologia como P4. Ela teria surgido em Mococa, com alta circulação em Porto Ferreira, e casos já detectados em várias cidades, entre as quais, a vizinha Rio Claro.
Nossa fragilidade é enorme. O anúncio feito pelo governo municipal de que faltam profissionais para a linha de frente no combate à Covid-19 é assustador. No último dia 25/05, onze pessoas morreram em Piracicaba e o índice de ocupação de leitos de UTI continua na casa dos 90%. Em outras palavras, mais pessoas estão se contaminando, mais positivados estão morrendo e não se tem leitos suficientes com respiradores. Se uma terceira onda chegar, de fato, seremos obrigados a adotar medidas ainda mais severas em relação às restrições. Basta saber se as autoridades competentes terão a coragem de enfrentar a questão com a grandeza de seus cargos eletivos, afinal, o grito das ruas assusta, mesmo quem acabou de ocupar uma cadeira.
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Pedro Kawai, vereador pelo PSDB