Os secretários municipais responsáveis pelas pastas de Trabalho e Renda, Ação Cultural e Defesa do Meio Ambiente estiveram na Câmara Municipal de Piracicaba, terça-feira (18), para apresentar as frentes de trabalho na gestão do prefeito Luciano Almeida (Democratas). Um dos caminhos apontados é a cessão de áreas públicas para a iniciativa privada, como forma de impulsionar o desenvolvimento da cidade.
O presidente da Câmara, vereador Gilmar Rotta (Cidadania), lembrou que esta é a quarta semana que o secretariado apresenta propostas aos parlamentares. “Na próxima semana, após definição de agenda, receberemos o prefeito Luciano Almeida. A abertura de diálogo é fundamental, pois os vereadores são constantemente indagados pela população e, aqui, têm a chance de apresentar as questões aos secretários”, disse.
Da reunião, participaram os vereadores Thiago Ribeiro (PSC), Ana Pavão (PL), Josef Borges (Solidariedade), Rai de Almeida (PT), Cassio Luiz Barbosa, o Cássio Fala Pira (PL), Acácio Godoy (PP), Aldisa Viera Marques, o Paraná (Cidadania), Paulo Camolesi (PDT) e Silvia Morales, do mandato coletivo A cidade é sua.
TRABALHO E RENDA
O desafio da atual administração é o de estruturar a Política Municipal de Inovação, garantiu José Luiz Guidotti Júnior. Para que isso ocorra, os investimentos serão centrados no Parque Tecnológico, que inclui o Hub Piracicaba, a Agência InvestPira e o AgTech Valley, este último vocacionado para o agronegócio. Mas a vocação da futura Semdettur ainda será o trabalho e renda, assegurou, ao abordar a continuidade de projetos como o Banco do Povo.
A secretaria criou o Emprega Pira, estruturado com a Smads (Assistência Social), para qualificar pessoas em situação de vulnerabilidade e substituir mão de obra terceirizada por um período de nove meses. Depois disso, o currículo segue para Banco de Empregos. A este programa se somam a Feira da Empregabilidade e o Estúdio de Capacitação.
“A Semtre passou um grande período sem capacitar na pandemia, por falta de capacidade técnica, já que os cursos eram todos presenciais. Junto com o Sebrae, Senai, Senac e Sesc queremos mapear junto às empresas quais são os maiores gargalos de contratação”, disse.
TURISMO
A concessão de espaços públicos para a iniciativa privada é meta da gestão de Luciano Almeida, para a revitalização de espaços como o Parque do Mirante e reativação do antigo restaurante. “A concessão é um caminho natural”, disse.
A prefeitura pretende dar um novo direcionamento ao Elevador Turístico Alto do Mirante. A aposta também é a abertura de um restaurante, o que deve permitir maior visitação ao local, disse o secretário, ao citar ainda a negociação para a cessão de uso pela iniciativa privada do Casarão do Turismo.
Outra concessão para a iniciativa privada é do Aeroporto Municipal Pedro Morganti. “Serão necessários investimentos pesados para que ele saia da situação de semiabandono, com estrutura precária e esteja à altura de uma cidade como Piracicaba”, declarou.
Ainda no setor de turismo, está o Caminhos da Terra. “O investimento é justificado porque 82% do território de Piracicaba está na Zona Rural e nada mais correto do que fomentarmos esse potencial”, disse Guidotti. Segundo ele, a pandemia fez com que o setor de turismo se arruinasse.
A Diretoria de Turismo ––sob a responsabilidade de Rose Massarutto–– aposta no Pira Itaqueri, voltado ao turismo regional e que compreende 13 municípios no entorno da Serra do Itaqueri, tendo Piracicaba como sede.
No projeto Eu amo a rua do Porto, a intenção é a de fazer a zeladoria da orla do rio Piracicaba e qualificar restaurantes e bares. Há também o projeto Parques Integrados da Orla da Rua do Porto, de aproveitamento da área que compreende entre a avenida Renato Wagner e o Parque do Trabalhador, na avenida Jaime Pereira.
Já em andamento está o projeto Rota Turística Rural, para as regiões do Horto de Tupi, Jupia/Ártemis, Saltinho, Tanquinho e Rota Tirolesa. A intenção, neste caso, é implantar o “cicloturismo” rural.
Concessão à iniciativa privada também atinge Ação Cultural
A privatização dos espaços também deve ser a tônica da Secretaria Municipal da Ação Cultural e Turismo, garantiu Adolpho Queiroz. O projeto mais ambicioso é o Engenho da Cultura, aos cuidados da Raízen, que inclui o VER de MUSEU, no Engenho Central. Para isso, serão recuperados cinco armazéns, em um investimento total de R$ 100 milhões.
“Estamos no início do inventário de danos e a reforma deve demorar um ano e meio. Depois, haverá a ocupação de natureza museológica. Já desenhamos o espaço de ocupação dos 18 barracões, para trazer música, teatro, dança, cinema. Queremos que o Engenho seja não apenas referência de apresentação de espetáculos, mas de ideias, um espaço de diálogo para as várias linguagens. É um projeto que vai mudar a cara de Piracicaba.”
Conforme Adolpho, o desafio é o de cumprir as metas do Plano Municipal de Cultura e ainda implantar o Sistema de Informação Municipal de Cultura, uma espécie de cadastro dos artistas locais para agilizar a “ponte” entre poder público e iniciativa privada.
Para ele, a pandemia do novo coronavírus forçou a comunicação digital e este deve ser um caminho a ser trilhado enquanto os indicadores de contágio da Covid-19 permanecerem altos na cidade. “No ano passado, fizemos no virtual o Salão Internacional de Humor. Foram 13 mil acessos, de mais de 500 cidades e 42 países”, informou, ao mencionar que “o custo de uma ação no digital é imensamente inferior do que o uso de um teatro. Entre o aplauso e a repercussão, temos a possibilidade de repensar a comunicação para levar as ideias além das barrancas do rio”.
Após conhecer as estruturas de secretarias da Cultura na região, Adolpho disse que deve criar o Corredor Intermunicipal de Cultura, para que ocorra intercambio com as cidades vizinhas e proporcionar mais espaço de circulação aos artistas. Neste aspecto, a futura RMP (Região Metropolitana de Piracicaba) será um dos pontos favoráveis. “Transformar Piracicaba em sede da região metropolitana vai ampliar as frentes de trabalho, para não ficarmos reféns do Fundo de Cultura e de recursos vindos do ProAC (Programa de Ação Cultural)”, declarou.
Sobre a Lei Aldir Blanc, de socorro aos artistas e entidades culturais, Adolpho informou que Piracicaba recebeu R$ 2,5 milhões e as ações ainda estão sendo desenvolvidas. São 90 proponentes e 150 ações. Ele falou ainda dos planos para o projeto MovimentAção Cultural. Disse que as atividades de artesanato, violão, pintura, dança e teatro estavam restritas aos quatro centros culturais e varejões, com 11 funcionários contratados por duas empresas. “Queremos levar aos bairros mais carentes, com um cardápio ampliado.”
Segundo Adolpho, a empresa contratada para o projeto remunerava cada professor em R$ 1.000 e municípios como Indaiatuba, que gerenciam a própria folha de pagamento, chega a remunerar em R$ 4.500. “Temos 234 bairros, quatro centros culturais, 30 varejões. O desafio para chegar a outros espaços é muito grande. Estamos pesquisando, articulando para quando a pandemia for embora tenhamos recursos e iniciativas.”
No Meio Ambiente, concessão deve ser na área de zeladoria
MEIO AMBIENTE – O secretário de Defesa do Meio Ambiente, Marcos Yassuo Kamogawa, disse que sua pasta é responsável pela coleta de lixo, varrição, coleta seletiva, material reciclado, Cata Cacareco, coleta de lixos hospitalares, manutenção de áreas verdes, podas de árvores, coletas de resíduos sólidos, logística reversa, ecopontos, manutenção de equipamentos públicos e cemitérios.
Na área do meio ambiente, compete ainda à pasta a gestão do Pelotão Ambiental, ações de educação ambiental, fiscalização e licenças de novos empreendimentos, o programa Adote, o cuidado de parques (incluindo o Zoológicos, Viveiro Municipal e o Horto Florestal de Tupi), além do Disk Animais, que analisa situações de maus-tratos. “É uma secretaria grande, com muitas atividades. Não é à toa que temos o terceiro maior orçamento do município, de R$ 136 milhões, dos quais R$ 90 milhões são consumidos na PPP do lixo. “Nossos projetos são fazer o básico, mas bem feitos”, completou.
A Sedema trabalha na implantação do projeto Piracicaba + Bela, de zeladoria, para organizar melhor a cidade, tornar a cidade mais visualmente bonita e mais limpa. “Estamos revisando todos os contratos e ações em execução para dar atenção a aspectos abandonados, como guias e sarjetas e arborização, corte de mato de áreas verdes”, disse.
Os demais projetos são o Cetras (Centro de Triagem e Recuperação de Animais Silvestres), o Jardim Botânico, no entorno da lagoa do bairro Santa Rita, o EducaPira e o ParticipaPira, que busca aproximação das comunidades dos técnicos da pasta para priorizar as demandas, além do EcoPira, de gestão dos ecopontos. “O ecoponto é um problema de gestão no município. Queremos transformar em um centro de recebimento de material, mas que não fique acumulado. Iremos utilizar caçambas.”
O secretário disse que o objetivo é pedir “à população que nos auxilie no trabalho de fiscalização na qualidade do trabalho realizado, como mato ou galhos cortados e não recolhidos. O ideal é que tivéssemos um corpo de fiscais. Queremos incluir a comunidade como voz ativa no processo de participação”, mencionou. Sobre o recolhimento de pilhas e lâmpadas, ele disse que a prefeitura seguiu uma orientação do Ministério Público e que a solução foi investir em campanhas de esclarecimentos com as empresas de logística reversa.
Com relação ao Adote uma praça, ele disse o projeto está em vigência e muitas áreas são escolhidas em função da atratividade para as empresas. A Sedema busca ainda facilitar os trâmites, já que hoje o munícipe deve apresentar o projeto de paisagismo antes de fazer a adoção. “Pretendemos inverter: fazer os projetos em algumas áreas e oferecer como pacote para as empresas.”